sábado, 22 de maio de 2010
A angústia do mundo numa bolha de sabão.
Lau Siqueira
O desafio das políticas públicas neste início de século nos remete a nossa capacidade de reflexão acerca das práticas empreendidas, dos diálogos travados e da nossa imensa capacidade de compreender a necessidade de uma ação planejada, em rede, e que se propague infinitamente. Uma utopia possível? Talvez algo bastante além disso. Logicamente que falo aqui de uma radical mudança de hábito do poder público e dos movimentos sociais no trato com as políticas públicas. Tanto no que tange às relações de interesse político quanto nas relações de poder, mais propriamente, estabelecidas cada vez que um agrupamento de reúne periodicamente pensando, equivocadamente, se tratar de um grupo. Jean Paul Sarte é muito claro ao exemplificar as diferenças. Para Sartre, basta um grupo de pessoas esperando um ônibus na parada para conceituar agrupamento. O grupo é a possibilidade de um diálogo positivo dessas mesmas pessoas em torno de um interesse comum e coletivo. Por exemplo, protestar contra o imenso atraso do Expresso 2222 da Central do Brasil que partiu direto de Bonsucesso pra depois do ano 2010.
Recentemente participei de um debate acerca da violência sexual contra crianças e adolescentes. Um debate que deveria interessar milhares de pessoas, não reuniu uma centena. Por quê? A resposta é relativamente fácil. Há um relativo cansaço acerca do jogo de cena que muitas vezes se impõe como ação de política pública. Há uma certa incredulidade quando escutamos altas autoridades, como no lançamento do projeto Vira Vida, dos Sistema S, afirmando que não existe turismo sexual na Paraíba. É como se não devêssemos nos preocupar por estarmos no estado que ocupa o terceiro lugar no ranking nacional da exploração sexual de crianças e adolescentes, perdendo apenas para Pernambuco e Rio de Janeiro. Uma vergonha que preocupa os que desejam um mundo mais afinado com os valores humanos. Estamos, na verdade, diante de um jogo de cena que passa pelas vaidades pessoais e pela submissão de organismos públicos aos interesses localizados de segmentos alheio aos trilhos e ao trem da história. Particularmente, não gostaria de fazer parte dos elos cansados desta cadeia improdutiva da desesperança. O cotidiano não permite. Até porque neste imenso jogo de interesses que cercam a verdadeira colcha de retalhos que cobre o chamado interesse público, existe uma responsabilização, sobretudo, cidadã.
Sinto-me bastante a vontade para criticar os movimentos sociais porque neles tive a minha formação e para eles voltarei antes de virar poeira de vento. Sinto-me também a vontade para exercer criticamente um cargo público pelo mesmo e bom motivo. Na verdade, a carência de quadros, tão visível na aplicação das políticas, não é mais que no resultado do jogo de interesses e vaidades que perpassa a relação dos entes envolvidos neste cenário pouco animado – mas, ainda bem, não de um todo desanimador. Se a falta de quadros nos movimentos sociais é bastante visível por termos ainda os mesmos “melhores quadros” de vinte anos atrás, também é verdade que no olho do furacão desses movimentos existe uma imensa guerra de vaidades que sufoca as possibilidades de surgimento de novos quadros. Isso tudo se reflete nas mazelas da administração pública, onde a profissionalização ainda é um tabu a ser superado. Afinal, a luta pelo poder e, principalmente, pela partilha do poder, não se dá apenas no âmbito partidário.
No exercício das políticas públicas, mais propriamente na administração pública exercida nos três níveis (municipal, estadual e federal), confesso que houve um inegável avanço (com ampla contribuição dos movimentos, reconheçamos) em termos de amparos legais e de vontade política de implementação. O governo Lula, com todos os erros cometidos, fez a diferença neste sentido. É inegável essa constatação. No entanto, a consolidação das políticas públicas ainda padece de uma radical mudança de cultura administrativa simbolizada pelo paletó na cadeira vazia. O parasitismo eleitoral ainda é uma sombra rondando os cargos comissionados em todos os níveis e desníveis. Afinal, foi a presença ausente do poder público durante décadas e décadas que permitiu, por exemplo, que o tráfico ocupasse o lugar do Estado nas periferias do mundo. Muito especialmente deste nosso sofrido mundo latino. Esse mundo que late aqui em João Pessoa, em comunidades como Taipa, Porto de João Tota e outras. Pelo visto, não estamos ainda perto de uma saída porque sempre que há uma luz no fim do túnel, parece, vem uma locomotiva e apaga a possibilidade de seguirmos em frente. Dominar os freios e a aceleração da locomotiva é o nosso desafio cotidiano.
Não pretendo com isso determinar a desesperança. Muito pelo contrário. Apenas desejo lembrar que a esperança que acredito é aquela preconizada por David Cooper: “Não existe esperança. Existe uma luta. Esta é a nossa esperança.” E a minha esperança vai sempre ao encontro dos que lutam contra a impunidade que ainda coloca em xeque o jogral de interesses que se esconde por debaixo das togas e dos gabinetes de administração do Produto Interno Bruto, seja na área pública ou privada. Minha esperança segue em busca dos que ressurgem todo dia do topo de uma indignação que nada mais é que o mais profundo alicerce da cidadania acometida de lágrimas lúcidas. O cumprimento das leis está submetido aos interesses políticos. Os interesses políticos estão submetidos ao interesse econômico. E assim, “meus heróis morreram de over dose e meus inimigos estão no poder.” Nos governos, estão bons e maus executores, mas, reconheçamos que o poder não mudou de lugar nos últimos quinhentos anos de história brasileira.
Para seguir em frente, um único combustível é necessário: o tesão de tomar o caldo de batatas das nossas incapacidades, refletir sobre a desesperança dos que não vislumbram sequer a luz da locomotiva ilusionista das mudanças radicais... E seguir em frente, “adelante siempre”, endurecendo sem perder a ternura jamais, desacomodando os acomodados. Dignificando os indignados. Tudo dentro dos limites sempre esgotados da paciência coletiva. Pensando que cada um e cada uma de nós, respira o mesmo ar rarefeito das mesmas impossibilidades que ressurgem a cada paradigma que se esvai pelo ralo das emoções fugidias, dos que não pediram para nascer e muito menos para estar expondo suas inocências nas rotas mais violentas da sociedade contemporânea. Se é verdade que avançamos, também é verdade que temos um longo caminho. Porque felicidade só vale quando repartida. Já estamos cheios das alegrias efêmeras e das encenações que buscam a mídia, não para responsabilizá-la quando às suas culpas no quadro das imutabilidades que precisam ser destruídas. Mas, no amparo de certas vaidades impúberes que precisam ser reconhecidas e desmascaradas para que o mundo avance em nossas aldeias, para um patamar menos injusto. É como se nossas angústias de mudar nossas pátrias comuns estivessem cercadas pela delicadeza de uma bolha de sabão imersa em valores visíveis e invisíveis. O jeito é seguir em frente. Manter a firmeza dos princípios e colher as certezas do infinito.
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domingo, 23 de maio de 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
V Semana de Humanidades prorroga inscrições
V SEMANA DE HUMANIDADES
Fazendo Ciências - III MOSTRA em PEDAGOGIA
CENTRO DE HUMANIDADES/CAMPUS III GUARABIRA
DATA: 24 a 28 de maio de 2010
INSCRIÇÃO EXTRA COMO OUVINTE COM CERTIFICADO
R$ 10,00 (Dez Reais), sem os materiais do evento
EM FUNÇÃO DA GRANDE PROCURA PARA PARTICIPAR DA
V SEMANA DE HUMANIDADES, AS INSCRIÇÕES
COM MATERIAL DO EVENTO FORAM TODAS PREENCHIDAS.
NO ENTANTO, ABRIREMOS INSCRIÇÕES ATÉ O DIA 24 DE MAIO
PARA A CATEGORIA OUVINTES, EM ATIVIDADES COMO MESAS REDONDAS,
PALESTRAS E GRUPOS DE TRABALHOS (GT´s).
A INSCRIÇÃO NÃO INCLUI A DISTRIBUIÇÃO DAS BOLSAS COM
MATERIAL DO EVENTO.
O CUSTO DA INSCRIÇÃO SERÁ DE R$ 10,00 (DEZ REAIS)
E PODE SER FEITA DIRETAMENTE NA SECRETARIA
DO CENTRO DE HUMANIDADES, COM A FUNCIONÁRIA ELISANGELA.
Guarabira, 19 de maio de 2010
COMISSÃO ORGANIZADORA
Fazendo Ciências - III MOSTRA em PEDAGOGIA
CENTRO DE HUMANIDADES/CAMPUS III GUARABIRA
DATA: 24 a 28 de maio de 2010
INSCRIÇÃO EXTRA COMO OUVINTE COM CERTIFICADO
R$ 10,00 (Dez Reais), sem os materiais do evento
EM FUNÇÃO DA GRANDE PROCURA PARA PARTICIPAR DA
V SEMANA DE HUMANIDADES, AS INSCRIÇÕES
COM MATERIAL DO EVENTO FORAM TODAS PREENCHIDAS.
NO ENTANTO, ABRIREMOS INSCRIÇÕES ATÉ O DIA 24 DE MAIO
PARA A CATEGORIA OUVINTES, EM ATIVIDADES COMO MESAS REDONDAS,
PALESTRAS E GRUPOS DE TRABALHOS (GT´s).
A INSCRIÇÃO NÃO INCLUI A DISTRIBUIÇÃO DAS BOLSAS COM
MATERIAL DO EVENTO.
O CUSTO DA INSCRIÇÃO SERÁ DE R$ 10,00 (DEZ REAIS)
E PODE SER FEITA DIRETAMENTE NA SECRETARIA
DO CENTRO DE HUMANIDADES, COM A FUNCIONÁRIA ELISANGELA.
Guarabira, 19 de maio de 2010
COMISSÃO ORGANIZADORA
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