domingo, 11 de março de 2018

GEOGRAFIA: Espaço, Lugar e Paisagem

Riscos e Rabiscos da Terra. Arte de Belarmino Mariano.

Por: Belarmino Mariano

Gosto muito do espaço geográfico, mesmo considerando as métricas, estruturas, formas, desenhos, arranjos e relações. Gosto quando Milton Santos nos apresenta ideias como: O homem em sociedade através do seu trabalho, transforma a natureza ao longo do tempo, com o uso de técnicas das mais diversas, estas ações humanas significam a formação o espaço social ou geográfico (SANTOS, 1985).

Asim trabalho com esse esquema teórico: Espaço-Tempo e a Sociedade-Natureza. Prefiro pensar em coisas simples e realizáveis como o espaço a partir do lugar dos nossos dias, dos nossos desejos, das nossas emoções (SANTOS, 1997). O lugar dos nossos medos, dos nossos sonhos. O lugar é o nosso quarto, a casinha branca no meio do nada. O espaço enquanto o lugar que expressa as nossas vidas.

tempo. Extraído das reses sociais.

Estamos tão cheios de atividades que nem paramos para perceber os lugares onde estamos, por onde passamos... as vezes os lugares nos marcam, em outras vezes marcamos os lugares. parece até que os lugares, mesmo os mais invisíveis, são marcas indeléveis em nossas existências. As montanhas, os vales, os precipícios. Os vilarejos, as florestas e seus homens, as casinhas, os celeiros, as estradas, as curvas como lugares de perigo.
Para Mariano Neto, et al (2006), todos os espaços guardam as paisagens de si mesmos, estas são alteradas e modificam os lugares, a natureza dos lugares. Os lugares são as nossas casas, as tocas dos coelhos, os buracos no chão. as cabanas de palha, os ninhos dos pássaros,  os dormitórios e os presídios. O espaço esta em todos os lugares e os lugares são capsulas do espaço. Os lugares são metáforas, são utopias, são os desvios e os encontros. Os lugares estão dentro dos lugares e dentro dos nossos pensamentos e emoções.
Peluso (2013) afirma com base em Santos (1997) que o conceito de natureza se alterou; ela deixou de ser sujeito – a Natureza dos tempos primordiais que jamais conheceremos, e adquiriu a condição de objeto – a natureza do período urbano atual, em que a cidade é o lugar mais perfeito do predomínio das técnicas. Ou seja, deixou de ser a Primeira Natureza e se transformou, para sempre, em segunda natureza. Santos (1997, p. 203) escreve que a antiga distinção entre primeira natureza e a segunda natureza deve ser flexibilizada, pois “a natureza já modificada pelo homem também é primeira natureza”, visto que “a produção não é mais ação do trabalho sobre a natureza, mas trabalho sobre o trabalho”
O espaço não existe, o que existem são nossas ilusões, imaginações e a partir delas tentamos medir distâncias, medir formas, medir volumes...então o espaço começa a ganhar sentido, quando do seu grande vazio de sentidos, vamos ocupando, preenchendo, transformando...vazios preenchidos ganham o sentido de espaço (MARIANO NETO, ET AL, 2006).


Foto: Gabriel de Paiva. Nuvens Cumulo-nimbo -
Céu de Caldas Brandão, Agreste da Paraíba/ 03/03/2018.
Outra grande ilusão da vã filosofia humana é achar que tudo o que vemos, seja o espaço em forma de paisagem. A PAISAGEM que tanto nos fascina. Gosto muito de pensar a paisagem em conexão com todos os nossos sentidos. Para além do olhar.
A paisagem impregna os lugares, como as as suas estruturas, formas, dimensões, fluxos, entre outros desenhos, arranjos e relações (SANTOS, 2005).  A Natureza é frágil e ao mesmo tempo rigorosa. As paisagens podem ser vendavais em forças atmosféricas, podem ser congeladas como o ártico, a antártica, ou a cordilheira do andes, himalaia e alpes. As paisagens também podem esta congeladas em uma obra de arte.
As paisagens possuem elementos perspectives em seus odores, em seus sons (ruídos), em aspectos táteis, mas também em seus sabores, mas e muito mais, em nossos sentimentos, emoções, desejos, medos, angustias. Podemos esta diante de uma paisagem, mas as paisagens podem simplesmente estarem em nossa imaginação. as paisagens não são feias ou bonitas, são apenas paisagens.


Feira livre de Guarabira alagada. Foto de Belarmino Mariano
10 de março de 2018.
As paisagens podem ser centros urbanos alagados pela ultima chuva de verão. Mas os nossos sentidos, sentimentos e valores, dão diferentes sentidos a uma mesma paisagem. Uma pessoa pode se alegrar diante de uma paisagem como um por-do-sol, enquanto que outra pessoa pode ficar triste diante do mesmo por-do-sol. A paisagem desperta nossos sentimentos.  A paisagem é uma combinação de estruturas, uma combinação de formas, a combinação de processos ou dinâmicas.

Essa é roupagem para o que consideramos o espaço geográfico. Então estamos diante de uma contradição, entre a teoria de espaço como ilusão mental e dinâmicas humanas concretas. Representações extraordinários de tudo o que fazemos nas nossas relações com a natureza e com a nossa própria espécie.

Podemos refletir sobre o espaço como uma acumulação desigual do tempo. Segundo podemos pensar o tempo como uma construção social e terceiro podemos pensar o espaço e tempo como infinitos simultâneos recentes que se encontram e se complementam. em nossas representações sócio-espaciais.
O espaço é a movimentação geral da sociedade edificando uma massa heterogênea de formas que se impõem ao cotidiano, ao trabalho, ao lazer. Essas formas, por vezes, seduzem, por vezes, aprisionam. Em alguns momentos são reais, em outros, imaginárias. Ao assumir as diferentes faces de uma mesma realidade, pode enganar o leitor desavisado. 
Em verdade, todas essas faces do espaço são cunhadas na fetichização de um processo de criação que é sempre histórico, gravado com as marcas indeléveis do tempo, em que a natureza primeira se transforma em uma segunda natureza (Santos, 1985) que por sua vez se transforma novamente. Assim, podemos dizer que a natureza do espaço está em revelar as distintas faces da natureza humana em sua trajetória pela Terra. Nessa trajetória, encontramos no espaço a acumulação desigual dos tempos. 
Tomemos a cidade como uma forma sócio-espacial e procuremos encontrar em sua organização as variáveis postas na afirmação (espaço, tempo, desigualdade, acumulação). O que você tem diante de seus olhos e sob os seus pés?
Todo espaço geográfico é obrigatoriamente histórico. Quando separamos espaço de tempo, é por uma mera didática ou pedagogia, ancorados pela filosofia clássica que considerou estudar a ideia de espaço dissociada da de tempo. Para as bases filosóficas, se tratava de duas categorias de análise. 
Para Albert Einstein (2001), na Teoria da Relatividade Especial e Geral, tempo-espaço se trata de uma coisa só. Espaço-tempo é como se fossem duas faces de uma mesma moeda. considerando a mente humana e seus pensamentos, se criou dilemas como o espaço-tempo, a partir de observações elementares da natureza foram acumuladas, aprofundadas, mitificadas, endeusadas. A partir da  e da Física teórica chegamos a relatividade do espaço-tempo e por ultimo, estas ideias foram captadas pela ideologia dominante como algo concreto e materializado a partir das ações humanas em sociedade. 
Espaço-tempo, associados, são ideias que perpassam todo o conhecimento humano. O espaço-tempo podem ser pensados na perspectiva social, política, econômica, cultural e ambiental. Dentro da lógica capitalista, são propriedades e mercadorias, caras e raras, perceptivas e imperceptíveis aos olhares desatentos.  

Referências:
EINSTEIN,  Albert. Teoria da Relatividade. Porto Alegre: LP&M-Pockt, 2001.
MARIANO NETO, Belarmino. SALES, Luiz Gustavo; SALES, Ricélia Marinho de Lima. A Natureza da Geografia e suas Múltiplas Ações. João Pessoa: Secretaria de Estado da Educação, 2006. <https://drive.google.com/file/d/0BzuVaa1bm0peRzZoZk5lTkJwejBhX2xfUHJwOWwtS1FtVkdF/view?ts=59ae0cb3
PELUSO, M. L. O DESAFIO DE COMPREENDER A NATUREZA NA OBRA DE MILTON SANTOS. Revista Eletrônica: Tempo - Técnica - Território, v.4, n.1 (2013), p. 22:31 ISSN: 2177-4366.<file:///C:/Users/Belarmino%20Mariano/Downloads/19212-61326-1-PB.pdf>
SANTOS, Milton. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1985. 
_____. A natureza do espaço. Técnica e tempo. Razão e emoção. Hucitec: São Paulo, 1997. _____. Da totalidade ao lugar. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005.

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