Autor desconhecido
Sexta-feira. Chego na casa da minha mãe depois de uma semana intensa de trabalho na Universidade. No portão da casa da Vó, meus sobrinhos aguardam a minha chegada com uma alegria característica daquele coletivo. Diferente das outras vezes, percebi um ar de preocupação nos olhos das crianças, de alguma forma elas também liam o meu olhar. "Tia, na3 escola as professoras já prepararam os cartazes!" Para que? Perguntei atordoada depois de dirigir alguns quilômetros. Eduarda então respondeu: "precisamos derrotar o Bolsonaro! Como assim? "As crianças também precisam da Universidade!" Sara, 10 anos, fortaleceu: ele é racista, sexista e não gosta de pobre! Eu acho que é hora da gente queimar pneus e quebrar muitas coisas! Temos que parar esse homem!" Eduarda completou: "Estamos do lado das professoras!" Sara ainda fez os cálculos: "Tia, quantos alunos tem em cada Universidade?" Eu respondi que milhares... Então ela continuou: Se temos mais de vinte Universidades no Brasil e milhares de alunos, serão muitos estudantes na rua, e ainda temos que contar com os professores!" Olhei para aquelas meninas e não sabia mais o que dizer.... Uma tem 10 anos e a outra 9. Eu só garanti para elas que eu estarei nas ruas lutando pelos nossos direitos. Pelos direitos das crianças, pelos direitos das mulheres. O desenho que acompanha esse texto foi realizado por Eduarda. A menina foi pegar o caderno para me mostrar o desenho que ela fez de Malala. "Tá vendo Tia, ela também lutou para poder estudar."
Esse encontro tão potente hoje só fortaleceu a minha infância; revolução dentro de mim. Vamos pra rua! Rumo à greve geral! Só a luta muda a vida! Viva as crianças!