Fonte da imagem: http://www.brasilpost.com.br/2014/06/26/ |
Por Belarmino Mariano Neto
“Rompendo seu
histórico desprezo pelo futebol, os norte-americanos finalmente se apaixonaram
pela Copa do Mundo. As partidas da seleção dos EUA batem recordes de audiência
na TV, superando esportes tradicionais no país como o beisebol. Movimentos
populares pressionam a Casa Branca para decretar feriado nos dias de jogos.
Notícias sobre a Copa dominam as manchetes de jornais e revistas. E a
classificação de hoje para as oitavas de final marca a virada definitiva: a
audiência foi tamanha que chegou a derrubar o site da ESPN norte-americana. O
"soccer" caiu, de uma vez por todas, no gosto do grande público nos
EUA” (http://www.brasilpost.com.br/2014/06/26).
Será que esta imagem estampada no The New Yorker revela que os norte-americanos vieram para a Copa do Mundo no Brasil e se apaixonaram de vez pelo futebol? Mas, para além das copas passadas e por vir, o que de fato me animou
para escrever esse artigo foi exatamente a intervenção do FBI e a prisão de dirigentes da FIFA; a realização das eleições da FIFA e em
seguida e renuncia do Suíço Eleito Joseph Blatter.
Ele terá culpa no cartório? Ou foi uma orientação do permanentemente neutra governo Suíço?
O
mundo todo se pergunta: Qual o interesse dos Estados Unidos em intervir
diretamente na FIFA, através do FBI e com o apoio direto das agencias de
segurança da Suíça? Outras questões podem nortear essa analise geográfica de
perspectiva geoestratégica. O mundo encurta sua expectativa temporal e fica
demonstrado claramente que os megaeventos internacionais estão se tornando um
grande negócio em curto e médio prazo. Em 2018 teremos a Copa do Mundo na
Rússia e em 2022 será a Copa do Mundo do Qatar. Temos quase uma década
pela frente, em que trilhões de dólares correram para territórios que não estão
na escala de interesses norte-americanos. Diga-se de passagem, temos de um lado
o mundo árabe e do outro, resquícios do sonho socialista que marcou
profundamente a “Guerra Fria” e a velha ordem Geopolítica. Esse é o desenho de
fato, esquadrinhado pelos dirigentes da FIFA e que estrategicamente desagradou
os Estados Unidos, que começaram a se interessar pelo mundo do futebol.
A bola
escolhida para provocar uma crise nesse mundo futebolístico foi exatamente o
que melhor caracteriza seus dirigentes maiores, a bola da corrupção, os contratos
bilionários, as compras de liberações de imagens, os negócios escusos cotidianamente
praticado nesse mundo do futebol e ao qual ficamos conhecendo mais diretamente,
pois o Brasil foi sede da ultima copa do mundo, com direito a todos os tipos de escândalos de corrupção. O país deu exemplo de que
corrupção na organização da copa foi escandalizada em todos os pontos cardeais
desse país. Para a realização da copa do mundo no Brasil, foram alteradas até
leis na Constituição; foram abertas as porteiras dos negócios e as regras do
jogo da corrupção facilitadas.
Os movimentos
sociais foram às ruas e protestaram contra esse jogo sujo, dizem até que houve
interferência de grupos organizados patrocinados para expor uma violência nas
ruas. A gente ainda fica se perguntando, se de fato houve conspiração contra a
Copa no Brasil? Se havia o dedo dos Americanos para provocar um fiasco no evento mundial. Ficou claro que havia dois grupos nas ruas. Aquele historicamente
reconhecido como de esquerda e que lutava contra a corrupção, contra as obras
faraônicas da copa, enquanto faltava saúde, educação e segurança para o povo; e
havia também um grupo de direita que orquestrava uma campanha contra o governo
petista que ao lado da CBF e da FIFA organizavam a dita copa. Não há dúvidas de
que, em meio às manifestações, surgiu uma onda de violência orquestrada, não se
sabe por quem, uma espécie de tumulto e violência para além do tolerável, meio
que tentando, através do vandalismo, melar o grande evento mundial que todos sabemos funcionou graças as muitas propinas e aditivos para o término dos estádios, ou arenas.
O site da BBC
destaca que os norte-americanos se apaixonaram pelo futebol e pela Copa do
Mundo no Brasil e este foi o segundo pais que mais comprou ingressos e veio ao
Brasil. Mas as audiências da Copa foram altíssimas em todo o país. O site ainda
falou sobre a dança dos milhões de dólares que foram movimentados para retransmissão
de futebol nos Estados Unidos, nas duas ultimas copas do mundo e faz previsões
para os anos de 2018 e 2022, nesse mercado bilionário, talvez os
norte-americanos estejam acordando para as perdas que já tiveram até
agora, enquanto o povo americano começa a se deleitar com uma paixão há muito
tempo vivida pelos brasileiros.
“A ESPN pagou cerca de US$ 100 milhões (R$ 220 milhões) pela retransmissão em inglês das Copas de 2010 e 2014 nos Estados Unidos, enquanto que o canal em espanhol Univisión, voltado para a comunidade hispânica, desembolsou US$ 325 milhões (R$ 726 milhões) pela exclusividade das imagens Mundial em espanhol, revelou a revista Forbes. (...) Trata-se de um crescimento considerável frente aos US$ 22 milhões (R$ 49 milhões) que a ESPN pagou pelos direitos do Mundial da França em 1998, o primeiro transmitido em sua totalidade em território americano. E muito menos do que os US$ 425 milhões (R$ 950 milhões) que a Fox pagará pelo direito de transmitir os torneios de 2018 e 2022” (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/06/).
Talvez ai esteja uma das reais
motivações norte-americanas em atacar diretamente alguns dos corruptos
dirigentes da FIFA, nas vésperas de seu congresso mundial e das eleições para
os dirigentes da entidade. São milhões em jogo, são grandes negócios que estão
em jogo, uma fatia do mercado mundial do futebol, que efetivamente não passava
por dentro da economia norte-americana.
Nos Estados
Unidos, o mundo do futebol é tão corrupto quanto em qualquer federação estadual,
de países do futebol como o Brasil. E não se enganem, pois o FBI começou o
trabalho de combate à corrupção no futebol, fazendo o dever de casa. Prendeu dirigentes
da federação americana de Futebol, ofereceu a delação premiada e aos poucos
criou as condições geoestratégicas necessárias, que foram camufladas por uma falsa
legalidade típica dos interesses geopolíticos norte-americanos. Agora
estamos diante de um paradoxo, pois parece existir uma ação legal dos Estados
Unidos, razão pela qual, não houve reação do mundo as suas iniciativas em
prender dirigentes, vasculhar equipamentos eletrônicos, documentos e
efetivamente passaram a arbitrar os rumos do mundo do futebol, assim mesmo, da
noite para o dia.
Os USA como uma
grande potência em todos os setores da economia e do esporte mundial (basquete,
beisebol, futebol americano, etc.) teimava em ignorar o mundo do futebol de 11
contra 11. Insistia em não demonstrar interesse pelo tema. Achava que esse
esporte não caberia na vida nacional americana. Podemos dizer que houve um erro
em não valorizar o esporte, que no mínimo, não perceberam que esse tipo de jogo
eminentemente coletivo já era paixão nacional em dezenas de grandes nações. O
futebol é um dos esportes coletivos que estão nos jogos olímpicos desde 1908, e
mesmo assim, os governos americanos nunca incentivaram o esporte naquele país.
Hoje eles sabem muito bem que o futebol movimenta trilhões de dólares todos os
anos e os grandes eventos internacionais mexem com milhares de grandes
negócios. Agora, se revestem de uma moral semelhante a que utilizam na esfera
da ONU, para tentarem influir em uma organização, na qual eles não apitavam em
nada, até então.
Os interesses
dos Estados Unidos da América estão para além de questões da corrupção no
futebol, ou na FIFA e em suas Confederações e Federações espalhadas por todo o
mundo. O jogo de poder é geopolítico e com vistas ao futuro desse esporte e dos
seus grandes negócios. Vejam as negociações bilionárias que eles denunciaram em
empresas que fabricam materiais esportivos nessa área, ou os grandes negócios
que ocorrem por dentro dos meios de comunicação para a transmissão de jogos em diferentes
partes do mundo, em especial, na América Latina. Vejam que as confederações e
federações diretamente atacadas foram justamente daqueles países sem força
geopolítica efetiva, tanto na América do Sul e Central (não estamos aqui,
querendo redimir os dirigentes corruptos existentes nesses países, a exemplo do
Brasil, que já eram motivo de pedidos de CPI).
Veja o
envolvimento de países como Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido com o mundo
do futebol. Estes países sozinhos investem bilhões de euros todos os anos com o
futebol. Nos grandes clubes europeus são gigantescas as empresas que mobilizam milhões
de pessoas, como sócios torcedores. Sempre são destacados os melhores jogadores
do mundo todos os anos, saindo de times europeus, com a compra internacional de
passes, seja de jogados sul-americanos, africanos entre outros. Na atualidade,
a China se destaca com o investimento pesado em times de futebol; o mundo árabe
faz o mesmo, enquanto que o Japão e a Coreia do Sul já faz isso há décadas.
Então, os Estados Unidos, tardiamente, tentam entrar nesse mundo, ao seu modo,
com ações geoestratégicas, pois assim, suas empresas seguirão as tendências
desse mercado bilionário.
Parece que
alguns países não estão querendo se indispor com a geopolítica americana e aos
quatro cantos do mundo, acompanhamos os governos ou os entes das federações de futebol
e até mesmo as empresas envolvidas com este mundo da bola, declararem que estão
dispostas em colaborar com as investigações, que concordam com as ações do FBI
para esclarecer e se existirem irregularidades, que estas sejam expostas e os
culpados paguem pelos seus atos de corrupção.
Ficam as perguntas no ar: Agora com a vacância do cargo, será que viveremos uma FIFA aos moldes da ONU, nessa relação das grandes organizações mundiais que rezam na cartilha geopolítica dos USA? Será que o imperialismo Norte-Americano chegou a sua ultima fronteira capitalista com sua exitosa intervenção na FIFA?
Ficam as perguntas no ar: Agora com a vacância do cargo, será que viveremos uma FIFA aos moldes da ONU, nessa relação das grandes organizações mundiais que rezam na cartilha geopolítica dos USA? Será que o imperialismo Norte-Americano chegou a sua ultima fronteira capitalista com sua exitosa intervenção na FIFA?
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