sábado, 30 de maio de 2020

Quanto vale o peso de ser?

(queria muito que lesse até o final)
Por Dirá Vieira
Fui magra até a primeira gravidez (tive duas), pesava 44kg dos 15 aos 20. De lá para cá foi um sofrimento entre perder peso, ganhar, perder, ganhar. Não esqueço das vezes que sofri preconceito por onde andei. Dentro do ônibus uma vez, uma mulher se aproximou e disse: "você é linda... se emagrecesse..." Esse era o mantra de quem se aproximava de mim. Estava saindo de uma gravidez que me deu de presente 33 quilos a mais e quase morri de pré-eclampsia. Quem me conheceu magrinha antes do casamento, e trabalhava comigo, sempre aproveitava para dar uns "conselhos". Um desses, uma colega de trabalho me chama no corredor e diz: amiga, me diz, você não tem vergonha na cara? Por que não perde peso? Você está horrível!. Isso foi uma facada bem no meu estômago, mas não suficiente para bariatrizar... Continuei viva. 

Fugi da cirurgia duas vezes. Porque os meus médicos não entravam em um consenso e eu menos ainda. Ok. Comecei os meus mais diversos regimes. Tudo o que me sugeriram eu já fiz. TUDO. Mas sempre voltava ao meu peso e às opiniões de quem se importa com o corpo alheio muito mais que o seu próprio. 

Tive pessoas bem perto que adoravam dizer: uma professora,  uma doutora,uma isso ou aquilo... precisa vestir isso ou aquilo, e emagrecer.  Tive uma colega de trabalho que na minha frente perguntou ao cara que eu tava paquerando: "Fulano, você gosta de mulher gorda ou magra?" O cara, constrangido respondeu que preferia mulheres magras (naquele dia perdi o tesão por ele) e ela não se contentando gritou na nossa frente: Eu não disse: homem gosta de mulher magra. 

Todo dia alguém me adiciona no Instagram querendo me vender métodos de emagrecimento. Olhou e já vem: tenho um produto, método, programa, o cacete, tem interesse?

Não. Não quero métodos. Cansei deles. Não quero fórmulas e pressão psicológica para reduzir peso. Se eu pudesse voltar atrás, eu faria a bariátrica para cuidar da minha pressão entre outros problemas de saúde. Mas fui ouvir quem me dizia: você é forte, jovem,pode isso, pode aquilo. 

Deixando essa parte da saúde de lado, por que uma mulher é tão cobrada assim? Por que eu não posso ser gostosa, gorda?  Por que eu preciso perder peso, virar magérrima para ser linda? Por que eu preciso me encaixar num corpo que não é meu para ser aceita por todos? 

Deixa eu dizer uma coisa: meu corpo, minhas regras. Se o seu desejo é um corpo magro, tenha o seu, namore um assim... mas eu, eu sou uma mulher e amo quando me vejo, quando me toco e quando me fotografo.

Não tenho mais tempo (nem vontade) de me adequar ao seu desejo. O meu desejo é ser eu, em tempo integral. Isso me dá muito prazer. Aceite ou não, problema seu, não meu. 

Dira Vieira

sexta-feira, 29 de maio de 2020

"EM DEFESA DA RAZÃO, DA LIBERDADE CRÍTICA E DO FORTALECIMENTO DAS LUTAS POR UM ESPAÇO MAIS DIGNO E IGUALITÁRIO – GEÓGRAFOS COMPROMETIDOS R-EXISTEM!

Nota do prof. Rogério Haesbaert sobre os ataques digitais ocorridos 
Neste nosso dia do geógrafo, em outros tempos, teríamos mais o que comemorar. Hoje, infelizmente, nossa Geografia mais engajada e comprometida com a transformação social está sendo atacada. Dentro de uma crise de múltiplas faces – sanitária, política, econômica e de valores – não ficaríamos imunes. Nosso histórico comprometimento social se manifesta, pelo menos, desde o simbólico retorno do exílio de Milton Santos, no início da chamada abertura política durante a ditadura militar. Entre seus representantes mais dignos temos hoje colegas como Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Carlos Walter Porto-Gonçalves. Pois foram justamente Ariovaldo, incansável na luta pela justiça social no campo e a denúncia à grilagem, e Carlos Walter, profundamente engajado com diversos movimentos sociais na América Latina, que tiveram nesta semana suas falas interrompidas por aqueles que, politicamente organizados ou não, se julgam autorizados a calar o outro e impedir a livre expressão do pensamento.

Vivemos tempos muito difíceis. Para quem, como eu, viveu a era sombria da ditadura sob as mentiras do “Brasil: ame-o ou deixe-o” (que significava, como hoje, excluir todo aquele que não comunga a mesma cartilha político-ideológica de extrema-direita), trata-se de uma questão de honra defender o pouco de democracia que conseguimos conquistar. Precisamos mobilizar todos aqueles que, mesmo sem terem vivido os tempos de autoritarismo e repressão (ou que, como eu, ainda adolescente, no interior do país, os tenham vivido sob as mentiras do regime), aprenderam a distinguir os valores que marcam nossa condição humana, na liberdade de pensar e na capacidade de agir em consonância com os princípios de maior justiça e igualdade.

Seja qual for o motivo daqueles que querem nos calar, nossa reação é uma só: defender esses princípios, custe o que custar, lutando permanentemente por uma outra Geografia, uma Geografia da vida que acolhe as diferenças ao mesmo tempo em que promove a união solidária em busca de um mundo de maior igualdade. E onde a ninguém sejam negadas, não apenas as fontes da sobrevivência física cotidiana, mas, também, a liberdade de construir o pensamento, expressar-se criticamente e enfrentar abertamente o debate. Perverso o mundo em que até pela razão e pela ciência temos que lutar. Todo o nosso reconhecimento e solidariedade aos colegas/amigos Ariovaldo e Carlos Walter. Para geógrafos como nós o verdadeiro sentido da vida está no debate franco, aberto, capaz de descobrir ou construir brechas para um “outro mundo possível”, um mundo que proporcione a cada um de nós as condições indispensáveis para a livre manifestação da singularidade de nossos próprios mundos." (Rogério Haesbaert)

O Lixo nosso de cada dia

Por Belarmino Mariano Vendo os dados do Portal Desenvolvendo Negócios, podemos observar que as dez maiores empresas de coleta de...