domingo, 30 de agosto de 2009






UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE GEO-HISTÓRIA
CURSO DE GEOGRAFIA


TERRA - Grupo de pesquisa urbana, rural e ambiental/uepb/ch/cnpq





GRUPO DE ESTUDO DE TEORIA E METODOLOGIA DA GEOGRAFIA










Introdução
A muitas maneiras de se dinamizar a vida acadêmica, uma delas são os estudos feito em grupo. Essa atividade acadêmica é antiga, utilizada há muitos anos por muitas instituições de ensino. Convivendo com os alunos na universidade, observamos, que, apesar de cursarem as disciplina na graduação, os alunos muita vezes se sentem despreparados teoricamente para enfrentar as questões pertinentes a sua ciência. Assim, estudar em conjunto é um modo produtivo de fazer render ao máximo o esforço do aprendizado, é uma maneira de estimular a discussão, é também uma forma do aluno aprender a lidar com as opiniões divergentes, com as diferenças e aprender a ouvir o outro.
Por outro lado, algumas disciplinas, devido à complexidade dos assuntos abordados ou à abrangência de determinados tópicos, requerem mais tempo de amadurecimento dos conhecimentos transmitidos, mais atividades prática e discussões em sala, até mesmo, momentos para troca de conhecimentos e experiência entre alunos e profissionais da área. Nem sempre é possível ao professor atender todas estas necessidades e demandas dos alunos em sala, pois o professor se encontra envolvido com as mais diferentes atividades no âmbito da universidade.
Associado a este fato, o professor também se encontra envolvido com as mais diferentes indagações sobre a sua prática educacional, dentre as quais podemos relacionar:

-Como atender as diferentes demandas dos alunos ?
-Como desenvolver no aluno a habilidade de “aprender a aprender” ?
-Como estimular a pesquisa ?
-Como aprimorar a habilidade de resolver problemas ?
-Como explorar a multidiciplinariedade ?
-Como despertar no aluno a importância do trabalho cooperativo ?
-Como mostrar ao aluno a importância do conteúdo desenvolvido em aula na formação profissional do mesmo?

Estes são apenas alguns questionamentos que nos motivaram a criar o o Grupo de Estudo em Teoria da Geografia. Entendemos Grupo de Estudo como “o processo educativo que envolve o aluno em atividades de estudos temáticos, sob a orientação de, no mínimo, um professor.” [UFJF 2005], É com base nesse conceito que visamos proporcionar oportunidades para professores e alunos. Visamos oferecer um rico ambiente de troca de experiências e desenvolvimento, tanto à nível pessoal quanto acadêmico e profissional. Aos professores, os encontros do grupo deve propiciar uma vivência que permite elaborar uma reflexão a partir dos questionamentos propostos:

Sabemos também que a formação do aluno vai além da sala de aula. A discussão em grupo é fundamental para sua atualização e, muitas vezes, esta se dá de maneira informal, ou seja, o aluno recorre a diferentes meios, como livros, revistas e internet, por exemplo, que propiciem a renovação do conhecimento adquirido durante o curso superior. Para isso é necessário que o aluno, durante o seu período de graduação “aprenda a aprender” sem o auxílio do professor. Tendo como objetivo o aprimoramento desta habilidade, são definidos temas de interesse comum aos participantes, os quais escolhem um determinado tópico, a ser estudado e apresentado aos demais colegas através da leitura em grupo. Isto permiti que no momento da leitura seja possível o questionamento, a reflexão, o aprofundamento das idéias do autor, mas, sobretudo, o contato com a teoria.

O termo colaborar “relaciona-se com contribuição sem necessariamente ter que haver trabalho conjunto, envolvendo, na maioria das vezes, patamares diferenciados em termos de conhecimento. Cooperar, por sua vez, além de exigir colaboração, envolve trabalho conjunto visando alcançar objetivos compartilhados”. A formação de equipe de trabalho é prática comum no mundo do trabalho. Dessa forma se faz necessário preparar os alunos para esta realidade, que exige, entre tantas coisas, habilidade nas relações pessoais e cooperação. Assim, realização de atividades e distribuição de responsabilidades, dentro do grupo de estudos, tem colaborado para mostrar a importância do trabalho cooperativo na execução das tarefas propostas.


Objetivo Geral

Realizar estudos acerca das questões teóricas-metodológicas pertinentes a ciência geográfica, sobretudo, estimular a pesquisa e a produção cientifica na área de Teoria. Realizar na prática a relação entre ensino, pesquisa e extensão.
Objetivos Específicos
-Realizar pesquisa bibliográfica;
-Estimular o aprofundamento das questões teóricas pertinentes a geografia;
-Promover eventos e atividades de natureza cientifica;



Metodologia



A base do trabalho no Grupo é a cooperação. Nossos encontros serão semanais com duas horas de duração. Desta forma, desenvolveu-se uma metodologia de trabalho própria, onde as decisões e as estratégias de ação são definidas em conjunto com os integrantes do grupo. Este formato tem trazido grande motivação para o desenvolvimento do trabalho.
O grupo realizará leitura de obras de cunho teórico, clássicos, procurando realizar um resgate da geografia desde os seus primórdios. Busca-se também, além das leituras, desenvolver atividades de natureza acadêmica como: exibição de filmes e discussão, palestras com intelectuais das ciências sociais, intercâmbio com outros grupos de estudos, viagens de pesquisa, participação em eventos científicos, organização de eventos de natureza acadêmica, mas, sobretudo, a produção de textos científicos.
Por enquanto os encontros tem se realizado em uma sala de aula do curso de geografia, exigindo o mínimo de recurso técnicos. Mas, futuramente, busca-se criar canais de comunicação, um fórum eletrônico ou um blog, que deve servir de repositório de informações. Este deverá ser mantido pelos alunos do Grupo de Estudo
A participação dos alunos é gratuita e aberta a todos os alunos do Centro de Humanidades. A presença nas reuniões serão registradas em ata para uma melhor organização e registro dos trabalhos. Todos os semestres o Grupo de Estudo deve se reunir para avaliar o seu desempenho e realização de suas atividades. O coordenador deve ser indicado pelo grupo e coordenar os trabalhos por apenas um ano, após esse período outro professor deve assumir a coordenação.

Membros do Grupo:

Professora Regina Celly Nogueira da Silva (Coordenadora)

ANNELY F DE MELO
ANA CAROLINA RODRIGUES
IZAIAS SEVERINO DA SILVA
JAIRO A FELIPE
JOEL ANTONIO DOS SANTOS
PAULA G DINIZ
LEOMAR DA SILVA COSTA
LEOMAR MENDONÇA LIMA
RENALY FERNANDES DA SILVA

JOEL ANTONIO DOS SANTOS

Referencias

ANDRADE, Maria Margarida de.Metodologia do Trabalho Cientifico. São Paulo: Atalas. 2009-08-27

SEVERINO, Antonio Joaquim. : METODOLOGIA DE PESQUISA. São Paulo : Cortez, 2007
UFJF (2005). Resolução do Conselho Setorial de Graduação Quanto à Flexibilização dos Currículos de Graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Disponível on-line em http://www.producao.ufjf.br/arqufjf/res018.htm. Jan, 2005 Velasco, S.(2005) Algumas

quarta-feira, 29 de julho de 2009

PROGRAMA - Estudo dos Espaços Agrário, Urbano e Industrial.



UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
Centro de Humanidades
Departamento de Geografia e História
Disciplina: Estudo dos Espaços Agrário, Urbano e Industrial.
Carga horária de 132 horas aulas – Turma: ______
Prof. Belarmino Mariano Neto belogeo@yahoo.com.br
http://observatoriodoagreste.blogspot.com/

PROGRAMA DE CURSO

Ementa: Conceitos de espaço, território, ordem, organização, Estado, Região e processo de regionalização; Ordens, dominação e subordinação e conflitos; Panorama da agropecuária no Brasil e no mundo; A questão agrária e a luta pela terra. Globalização, modernização da agropecuária e os seus efeitos sobre as paisagens. Sistemas agropecuários; estrutura fundiária, políticas de reforma agrária e as relações de trabalho no campo. Fragmentação, remembramento; A cidade e o espaço urbano em suas perspectivas históricas; o espaço urbano na ordem capitalista e seus desdobramentos sociais, políticos, econômicos, culturais e ambientais. A indústria no tempo e no espaço; urbanização e industrialização na lógica das contradições contemporâneas; subdesenvolvimento e sub-mundialização da pobreza. O capitalismo maduro e o esgarçamento dos tecidos sócio-ambientais. O Brasil no Contexto continental e internacional. Globalização e organização do espaço brasileiro; transformações geo-econômicas e organização espacial. O capital estrangeiro na organização do espaço brasileiro.
Justificativa: Os temas apontados pela ementa da disciplina são fundamentais para entendermos a organização do espaço geográfico em escalas, dentro do contexto nacional, regional e internacional, bem como suas características e classificações em relação a outros territórios geográficos. As contradições espaciais, sócio-econômicas e ambientais que marcam a construção das categorias geográficas de paisagem, região, território, espaço geográfico e meio ambiente nortearão cada passo desse programa de curso. Os Conceitos de espaço agrário, urbano e industrial serão inseridos na dinâmica materialista da vida social em escalas até atingirmos o mundial, tanto do ponto vista de sua produção social, econômica, política, ambiental e cultural, serão bases de análise em relação aos seus impasses, relações e contradições. A ciência, a tecnologia e a organização econômica do espaço em zonas, blocos ou regiões dentro do sistema capitalista, apontam para uma lógica espacial aberta, desigual, combinada, fragmentada e globalizada. As marcas das contradições, o desenvolvimento, subdesenvolvimento e a submundialização, expressos no cotidiano da sociedade brasileira, americana e mundial são nossos caminhos de observação. Os conflitos cada vez mais latentes, a demonstração de uma territorialidade que vem permitindo novas formas de analisar o espaço geográfico a partir desse tripé: Agrário, urbano e industrial.
Objetivo Geral: Compreender as dinâmicas de organização do espaço geográfico a partir das dinâmicas agrárias, urbanas e industriais em diferentes escalas e na perspectiva e pressupostos teóricos da geografia crítica.
Objetivos Específicos: Apresentar conceitos de espaço agrário, urbano e industrial enquanto representação geográfica. Trabalhado com exemplos de escalas territoriais e suas possíveis regionalizações; Expor os diferentes momentos e formas de ocupação do território para compor o desenho espacial seja na cidade ou no campo; Apontar as problemáticas do espaço brasileiro nas perspectivas acima levantadas; Discutir sobre as políticas do Estado na perspectiva do planejamento a partir da leitura e discussão dos textos;
Metodologia: Aula expositiva dialogada; Análise comparativa de gráficos, tabelas e imagens; Debates e seminários; análise interpretativa de informações geográficas; organização de linhas temáticas para pesquisas monográficas futuras. Produção de artigos ou pequenos textos.
Recursos Materiais: “Quadro”; Retroprojetor; Imagens; Base bibliográfica; elementos cartográficos, etc.
Avaliação: Sistema contínuo com participação direta e presencial; debates, seminários, micro-aulas; fichamentos, interpretações; relatórios e produção de textos; avaliações escritas;


CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. Discutindo a idéia de espaço geográfico: Breve histórico e elementos teórico-conceituais e limitações metodológicas; As práticas espaciais e os retalhos da realidade territorial; As regiões naturais; As regiões geográficas e caracterização do ambiente holístico; potencialidades e contradições do espaço geográfico.
2. Espaço geográfico questão agrária: Dimensões da produção do espaço agrário; circuitos, sistemas, redes e funções diferenciadoras dos espaços agrários a partir da agropecuária e os problemas da modernização agrícola e das questões sócio-ambientais; tecnologias modernas e produção rural. Estrutura fundiária e reforma agrária na América latina e no Brasil; A questão agrária na perspectiva do “novo rural”; modelos degradadores a partir dos complexos agro-industriais. Produção agrícola, movimentos sociais no campo e novas alternativas agro-ambientais na perspectiva da agra-biodiversidade; globalização e modernização da agropecuária a partir de modelos do Brasil; estudo de caso da questão agrária e ambiental na Amazônia, Nordeste e Centro-sul do Brasil.
3. Estudo do Espaço Urbano-Industrial: Estrutura sócio-econômica, nação, Estado, soberania e território na perspectiva urbano-industrial. O nascimento da cidade e a dinâmica capitalista de transformação do espaço geográfico. Urbanização e Revolução Industrial; O espaço transnacional e o processo urbano-industrial periférico; cidade, indústria e capitalismo; a cidade e a produção social do espaço geográfico; Intensificação urbano-industrial do capitalismo e a hiper-complexidade das relações de poder das grandes corporações capitalista; metropolização e megalópoles: desenhos, arranjos e relações espaciais; O urbano-industrial na perspectiva ecológica.
4. A complexidade do espaço urbano-industrial: do meio natural ao meio técnico-científico-informacional. Uma reorganização produtiva do espaço e as grandes crises sócio-ambientais. Ciberespaço e cibercultura, as redes virtuais e suas relações em meio aos complexos do capitalismo maduro. Da economia internacional ao processo de globalização e submundialização dos espaços de pobreza urbana. As diferenciações regionais da urbanização a partir dos espaços que mandam e dos espaços que obedecem.

Bibliografia:
ABRAMOVAY, Ricardo. O que é Fome. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1991.
ALTIERI, Miguel. Agroecologia Bases científicas para uma agricultura sustentável. Guaiba,/RS: Editora Agropecuária, 2002.
ALMEIDA, Jalcione. A Construção social de uma nova agricultura. Rio G. do Sul: Editora da UFRS, 1998.
ATLAN, Henri. Entre o Cristal e Fumaça. Rio de Janeiro. Jorge Zahar editor, 1992.
ALENCAR, Maria L. P. de. Constituição Brasileira e a Integração Latino-americana – soberania e supranacionalidade. João Pessoa: UFPB/Universitária, 2001.
aNDRADE, Manoel Correia de. O que é questão territorial no Brasil. São Paulo: Hcitec/Ipesp, 1995.
aNDRADE, Manoel Correia de. A Terra e o Homem no Nordeste. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1970.
aNDRADE, Manoel Correia de. O desafio Ecológico: utopia e realidade. São Paulo: Hucitec, 1994.
aNDRADE, Manoel Correia de. Geografia Econômica. São Paulo: Atlas, 1998.
aNDRADE, Manoel Correia de. Espaço, Polarização & Desenvolvimento. – Uma Introdução a Economia Regional. São Paulo: atlas, 1987.
aNDRADE, Manoel Correia de. Geografia Ciência da Sociedade – uma introdução a análise do pensamento geográfico. São Paulo: Moderna, 1993.
BACHELARD, G. A Poética do Espaço. Coleção os Pensadores. São Paulo: Ed. Abril, 1984.
BEZERRA, Maria do Carmo Lima e VEIGA, José Eli da. (Coordenadores). Agricultura sustentável. Brasília: Ministério do Meio Ambiente; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis; Consórcio Museu Emílio Goeldi, 2000. (on-line)
BREITBACH, Áurea C. de Miranda. Espaço e Sociedade: O Papel do Trabalho na Transformação da natureza. In: Estudos sobre o conceito de Região. Porto alegre, RS. N.º 13, Agosto de 1988.
Carlos, Ana Fani Alessandri. Espaço e Indústria (Coleção Repensando a Geografia). São Paulo Contexto / EDUSP, 1988.
Carlos, Ana Fani Alessandri. A cidade. São Paulo: Contexto, 1996.
CASTRO, Iná E. GOMES, Paulo C. C. e CORRÊIA, R. L. (Org.). Explorações Geográficas. São Paulo: Bertrand Brasil, 1997.
CASTRO, Iná E. GOMES, Paulo C. C. e CORRÊIA, R. L. & MIRANDA, Mariana. EGLERE, Cláudio A. G. (Org.). Redescobrindo o Brasil – 500 anos depois. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
CASTRO, Josué de. Geografia da Fome – o dilema brasileiro – pão ou aço. Rio de Janeiro: Cultrix, 1990.
CASTRO, Josué de. Ensaios de Geografia Humana. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1980.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo. Ática, 2000.
Ciência Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.
CORRÊIA, Roberto Lobato. A Rede Urbana. São Paulo: Ática, 1993.
CORRÊIA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo: Ática, 1995.
CORRÊIA, Roberto Lobato. Região e Organização Espacial. São Paulo: Ática, 1995.
COIMBRA, Pedro e TIBÚCIO, José A. M. Geografia – uma análise do espaço geográfico. São Paulo: Habra, 1993.
CORRÊA, Roberto Lobato. Trajetórias Geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.
COSTA, Francisco Fábio da. Amazônia: fronteira agrícola, populações e meio ambiente (artigo). Guarabira: Uepb, 2002.
DIEGUES, Carlos Antônio. O Mito Moderno da Natureza Intocada. São Paulo: HUCITEC, 1996.
EGLER, Cláudio Antonio G. & MOREIRA, Emília de Rodat F. Ocupação Territorial da Paraíba. In. Atlas Geográfico do Estado da Paraíba e Governo do Estado da Paraíba. João Pessoa: Grafset, 1985.
FERRY, Luc. A Nova Ordem Ecológica. A árvore, o animal, o homem. São Paulo: Ed. Ensaio, 1994.
GALIZA, Diana Soares de. Modernização sem desenvolvimento na Paraíba: 1890-1930. João Pessoa: Idéia, 1993.
GEORGE, Pierre. Geografia Econômica. São Paulo: Difel, 1983.
GEORGE, Pierre. Geografia Urbana. São Paulo: Difel, 1990.
CRAZIANO DA SILVA, José. O novo rural brasileiro. Campinas/SP: UNICAMP, 1999.
GREGORY, Derek. MARTIN R. SMITH G. (Org.) Geografia Humana – Sociedade, Espaço e
HUBERMAN, Léo. História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: LTC, 1990.
JÚNIOR, Caio Prado. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1976.
LAMARCHE, Hugue (Cord.) A Agricultura Familiar - do mito a realidade Vol. II. Campinas/SP: Editora da UNICAMP, 1998.
LOURENÇO, Antonio Fernando. Agricultura Ilustrada - liberalismo e escravismo nas origens da questão agrária brasileira. Campinas/SP: Editora da UNICAMP, 2001.
LÉNA, Philippe e OLIVEIRA, Adélia Engracia de. (Orgs.) Amazônia a fronteira agrícola vinte anos depois. Belém: CEJUP/Museu Emilio Goeldi, 1992.
MARTINE, George. Fases e faces da modernização agrícola brasileira. Rio de Janeiro: IPLAN – Inst. de Planej. n.º 15, 1989
MAGNOLI, Demétrio. O Mundo Contemporâneo – Relações internacionais 1945 – 2000. São Paulo: Moderna, 1996.
MAGNOLI, Demétrio e SCALZARETTO, Reinaldo. Atlas Geopolítica. São Paulo: Scipione, 1999.
MARITNS, José de Souza. Fronteira: a degradação do outro nos confins do humano. São Paulo: Hucitec, 1997.
MARANHÃO, Silvio (Org.). A Questão Nordeste – estudos sobre a formação histórica, desenvolvimento e processos políticos e ideológicos. São Paulo: Paz e Terra, 1984.
MARIANO NETO, Belarmino. Ecologia e Imaginário – memória cultural, natureza e submundialização. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2001.
MARIANO NETO, Belarmino “Capitalismo Maduro e Feridas no espaço tempo: Globalização ou Submundialização?” (artigo). Par’a’iwa – Revista de pós-graduandos de sociologia da ufpb. Nº 02 – João pessoa, junho de 2002. http://www.paraiwa.hpg.ig.com.br/02-marianoneto.html
MARIANO NETO, Belarmino “Morte Espetacular” (artigo) – CAOS – nº 04 – Agosto de 2002. http://chip.cchla.ufpb.br/caos/04 –marianoneto.html
MARIANO NETO, Belarmino. Informação Ambiental e Banalidade do Discurso. Par'a'iwa - revista dos pós-graduandos de sociologia da ufpb, João Pessoa/Pb. . http://chip.cchla.ufpb.br/caos/04-mariano.html v. 03, n. 01, p. 01-05, 2003.
MARIANO NETO, Belarmino (Líder) Terra – Grupo de Pesquisa Urbana, Rural e Ambiental – TGPURA. Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Humanidades de Guarabira. Home page: http://www.uepb.rpp.br/, e-mail belogeo@yahoo.com.br
MARIANO NETO, Belarmino. Topofilia, Ecologia e Imaginário: os velhos cariris da Paraíba. Par'a'iwa - revista dos pós-graduandos de sociologia da ufpb, João Pessoa/Pb. . http://chip.cchla.ufpb.br/caos/04-mariano.html v. 01, n. 04, p. 01-35, setembro de 2003.
MARIANO NETO, Belarmino. Geografia Cultural e construção do individuo liberal. Portugal: http://olharesgeograficos.blogs.sapo.pt/, agosto de 2005.
MARIANO NETO, Belarmino. A produção do espaço agrário paraibano. Par'a'iwa - revista dos pós-graduandos de sociologia da ufpb, João Pessoa/Pb. . http://www.paraiwa.hpg.ig.com.br/05-marianoneto.html v. 01, n. 05, março de 2004.
MARIANO NETO, Belarmino. Vários, artigos, caderno de texto e dissertação de mestrado (on-line arquivo pdf). João Pessoa: Sebrae, http://www.biblioteca.sebrae.com.br/. 2005.(click busca por autor).
MARIANO NETO, Belarmino. & VICENTE, Paulo Benício. Ligas Camponesas em Mamanguape/PB. Par'a'iwa - revista dos pós-graduandos de sociologia da ufpb, João Pessoa/Pb. . http://chip.cchla.ufpb.br/caos/04-mariano.html v. 01, n. 04, p. 01-20, setembro de 2003.
MOREIRA, Emília de Rodat F. Capítulos de Geografia Agrária da Paraíba. João Pessoa: UFPB/Universitária: 1997.
MOREIRA, Emília de Rodat F. Notas sobre o processo de modernização recente da agricultura brasileira. Boletim de Geografia Nº 7. Departamento de Geociências/UFPB, l988.
MOREIRA, Emília de Rodat F & MOREIRA, Ivan Targino. Agro indústria Canavieira Paraibana: expansão e crise. ANAIS XI - Encontro Nacional de Geografia Agrária. Universidade Estadual de Maringá. 1992.
MOREIRA, Emília de Rodat. Por um Pedaço de Chão. Vol. I e II. João Pessoa: UFPB/Universitária: 1997.
MOREIRA, Emília de Rodat Fernandes. Mesorregiões e Microrregiões da Paraíba. João Pessoa: GAPLAN, 1989.
MORAIS, Antônio Carlos Robert. Território e História no Brasil. São Paulo. Hucitec, 2002.
MULLER, Geraldo. Complexo Agro-industrial e Modernização Agrária. São Paulo: Hucitec, 1989.
OLIVEIRA, Francisco de. Elegia para uma Re(li)gião. São Paulo: Paz e Terra, 1987.
PEREIRA, Antonio Alberto. Além das Cercas - um olhar educativo sobre a Reforma Agrária. João Pessoa: Idéia, 2005.
PERICO, Rafael Echeverri, e RIBEIRO, Maria Pilar. Ruralidade, Territorialidade e Desenvolvimento Sustentável. Brasília/DF: IICA, 2005.
RODRIGUES, Arlete Moysés. A utopia da Sociedade Sustentável. Campinas: Unicamp/Nepam. Revista Ambiente & Sociedade. Ano I. Nº 2, jan/jun 1998.
SANTOS, Milton. Por uma geografia nova. São Paulo: Hucitec, 1986.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal. RJ/SP: Record, 2001.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo – razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1997.
SANTOS, Milton. Natureza e sociedade Hoje: uma leitura geográfica. São Paulo: Hucitec, 1997.
SANTOS, Milton e SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil - Território e sociedade no início do século XXI. São Paulo, Record, 2001.
SOUZA, M. A. de. SANTOS, Milton. SCARLATO, F. C. ARROYO, M. O Novo Mapa do Mundo – Natureza e Sociedade de Hoje: uma leitura geográfica. São Paulo: Hucitec/Anpur, 1997.
SANTOS, Milton. Espaço e Sociedade. Petrópolis: Vozes, 1992.
SANTOS, Milton. Ensaios de Geografia contemporânea (Org. Ana Fani). São Paulo: Edusp, 2001.
SANTOS, Milton. Território e Sociedade. (entrevista com Milton Santos). São Paulo: Editora Fundação Perseu Abrano, 2000.
SILVEIRA, Luciano; PETERSEN, Paulo & SABOURIN, Eric. (orgs.) Agricultura Familiar e Agroecologia no Semi-Árido – avanços a partir do Agreste da Paraíba. Rio de Janeiro: AS-PTA, 2002.
SILVA, José Graziano da. O que é questão agrária. São Paulo: Brasiliense, 1982.
SILVA, José Graziano da. Modernização Dolorosa. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
SOUSA SANTOS, Boaventura de. Pela Mão de Alice – o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 2001.
TAVARES, Carlos A. P. O São Comunidades Alternativas. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1983.
UMBELINO, A. A Geografia das lutas no campo. São Paulo: Contexto, 1988.
VEIGA, José Eli. O que é Reforma Agrária. São Paulo: Brasiliense, 1990.
VEIGA, José Eli. O Desenvolvimento Agrícola – uma visão histórica. São Paulo: Hucitec, 1991.
VERNIE, J. O Meio Ambiente. Campinas, SP: Papirus, 1994.
VIERTLEr, Renate Brigitte. Ecologia Cultural - uma antropologia da mudança. São Paulo: Ática, 1988.
WANDERLEY, Maria Nazareth Baudel (Org.). Globalização e desenvolvimento sustentável: Dinâmicas sociais rurais no Nordeste brasileiro. São Paulo: Polis/Ceres, 2004.
ZAMBERLAM, Jurandir & FRONCHETI, Alceu. Agricultura Ecológica - preservação do pequeno agricultor e do meio ambiente. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2002.

domingo, 12 de julho de 2009

ONG - Vídeo sobre Memória camponesa na Paraíba

Temos um vídeo e a criação da ONG - Memorial das Ligas camponesas - Sapé - PB.
vejam link e leiam o texto abaixo, reprozido a partir do texto convite de criação da ONG.
http://www.youtube.com/watch?v=Jb4PRLOxpuE

ONG – Memorial das Ligas Camponesas – Sapé – PB.
MEMORIAL DAS LIGAS CAMPONESAS
Contatos: (83) 3283-2290
ou 8836-0340.
E-mail: ligascamponesas@hotmail.com

Sapé resgata a história das Ligas Camponesas
Fundada em Sapé a ONG - Memorial das Ligas Camponesas

Representantes de entidades e pessoas interessadas em resgatar a história das Ligas Camponesas em Sapé fundaram a Organização Não-Governamental Memorial das Ligas Camponesas. A ONG tem por objetivo resgatar a história das Ligas Camponesas, sua importância para o país e fazer justiça à memória daqueles que deram a vida na luta pelos direitos dos trabalhadores.
As eleições para a diretoria e conselho fiscal da ONG estão marcadas para o dia 06 de janeiro do próximo ano. Uma diretoria provisória foi formada para organizar os trabalhos de legalização da entidade, organização das eleições e divulgação dos eventos. A diretoria provisória é formada pelos sindicalistas Jorge Galdino de Almeida e Wilson Estevam da Costa, respectivamente presidente e diretor de patrimônio do Sindservs - Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Sapé – e pela professora de história, Maria do Socorro Rodrigues Batista. Inicialmente as eleições estavam previstas para o dia 05 de novembro deste ano, mas por motivos superiores não foi possível sua realização. No dia 18/11, houve mais uma reunião dos sócios fundadores que prorrogaram o prazo de vigência da diretoria provisória e um novo calendário eleitoral foi estipulado.
As reuniões para a organização e instituição da ONG vêm acontecendo desde o mês de maio deste ano, quando foram discutidos pontos como a denominação da entidade, finalidades, detalhes estatutários e estratégias que culminaram na composição do estatuto que foi lido e aprovado no dia 05 de agosto em uma reunião histórica que contou com a presença de Elizabete Teixeira (viúva do líder camponês, João Pedro Teixeira, assassinado no período da ditadura militar); dos vereadores Garibaldi Pessoa (PT-Sapé) e Maria das Graças Costa (PT-Sobrado); Diretores do Sindservs, Jorge Galdino de Almeida, Mariza Alexandre e Wilson Estevam da Costa; Padres, José Martins (Sapé) e Hermínio Canova (Sobrado); Maria de Fátima Yasbeck Asfora, irmã do ex-vice-governador da Paraíba, Raimundo Asfora; Religiosas, Irmã Tony e Irmã Marlene; Noaldo Meireles, Advogado da CPT – Comissão Pastoral da Terra; Trabalhador rural, Cândido Alan Florêncio; Servidora Pública, Betânia Vieira de Meireles; Alunas do EJA – Educação de Jovens e Adultos, Maira do Socorro Rodrigues, Maria da Penha Silva e Alda Lúcia de Meireles, dentre outros presentes.
Na ocasião, Elizabete Teixeira fez um emocionante relato histórico contando sua trajetória e a de João Pedro Teixeira no período das Ligas Camponesas em plena ditadura militar.
A ONG está sediada temporariamente no Memorial João Pedro Teixeira, em Barra de Antas, onde encontra-se um amplo acervo sobre a vida e a trajetória do líder camponês.

Wilson Estevam, Professora Socorro,
Elizabete Teixeira e Jorge Galdino


A ONG está sediada provisoriamente no
Memorial João Pedro Teixeira em Barra de Antas-Sapé-PB

RESUMO DA HISTÓRIA DE JOÃO PEDRO TEIXEIRA E AS LIGAS CAMPONESAS EM SAPÉ

Nas décadas de 50 e 60, o sofrimento dos camponeses no Brasil não diferia muito dos dias de hoje. Essa realidade foi assim descrita por Francisco de Assis Lemos, então presidente da Federação das Ligas Camponesas da Paraíba: “...A fome, a mortalidade infantil e o analfabetismo imperavam na região. Grande parcela dos habitantes do campo sequer tinha acesso ao dinheiro. Adquiria o mínimo para a subsistência, nos barracões das fazendas, e a dívida era deduzida do pagamento que tivesse a receber. No final do mês, jamais havia saldo positivo; o camponês ficava sempre devendo. Funcionava o regime chamado cambão, pelo qual o camponês tinha de trabalhar vários dias por semana nas roças do proprietário, sem receber nenhum pagamento. Em troca desse trabalho gratuito, o camponês morava na fazenda e podia plantar para si próprio em torno do casebre”. Completando esse quadro, relata o jornalista Nizi Maranhão: “... Grandes latifundiários, donos das extensas fazendas, com inúmeros moradores que vivem miseravelmente, sem escola para os filhos, sem qualquer espécie de assistência, morando em mocambos infectos e sujeitos ao regime de cambão... São postos para fora da terra por mero capricho dos seus proprietários, sem qualquer indenização pelas lavouras, pelo pequeno sítio; o rurícola paga o seu foro em dinheiro ou em dias de trabalho, inclusive dos familiares, sem contar as arbitrariedades do patrão, como surras, ameaças de morte, prisões e espancamentos por policiais sempre dóceis e solícitos às ordens desses mandões desabusados”.

“Não me acovardo”

Foi no meio dessa situação de exploração e injustiça que nasceu João Pedro Teixeira, em 4 de março de 1918, no então distrito de Pilões, município paraibano de Guarabira. Desde criança sentiu na pele a violência dos latifundiários. Seu pai, arrendatário de um proprietário, entrou em conflito com ele, foi atacado por capangas, baleou um deles e fugiu. Nunca mais apareceu. João Pedro tinha apenas seis anos de idade.
Para enfrentar a exploração e a violência dos latifundiários e dos seus governos, os camponeses começaram a organizar-se em associações. Elas tiveram inicialmente, um caráter assistencialista e de ajuda mútua, mas logo evoluíram para a luta pela terra, defendendo a posse daquela onde já moravam e da qual tiravam sua subsistência, e o fim do cambão. Passaram a ocupar terras dos latifundiários, produzindo e resistindo às investidas dos capangas e das polícias estaduais. Essas associações foram chamadas de Ligas Camponesas. A primeira delas foi a do Engenho Galiléia, em Pernambuco, fundada em 1954; rapidamente a experiência espalhou-se pelos campos do Nordeste e de outras regiões do país.

A consciência de classe nasceu na luta operária

João Pedro Teixeira trabalhou, desde a infância, na agricultura; aos 23 anos tornou-se operário, trabalhando em pedreiras na Paraíba e, depois, em Jaboatão, Pernambuco, para onde se mudou com a mulher, Elizabete Teixeira, e uma filha. Foi na pedreira de Jaboatão que despertou para a necessidade de lutar pelos direitos e organizou os companheiros, fundando o sindicato dos trabalhadores. Desempregado e perseguido pelos patrões, voltou à origem camponesa em 13 de maio de 1954, aceitando a oferta de morar em um sítio que o sogro havia comprado em Sapé(PB).
Não demorou para reunir os camponeses, visitar suas casas e organizar comícios nas feiras, chamando-os para se unir a fim de enfrentar a realidade cruel em que viviam. Em 1958, estava fundada a Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, mais conhecida como Liga Camponesa de Sapé. À frente dela, João Pedro Teixeira, João Alfredo Dias (Nego Fubá) e Pedro Inácio de Araújo (Pedro Fazendeiro). Os ataques dos latifundiários não tardaram a acontecer. Em 14 de março de 1961, foi assassinado Alfredo Nascimento, líder dos camponeses da Fazenda Tiriri; em 23 de dezembro do mesmo ano, foi baleado outro líder, Pedro Inácio de Araújo (Pedro Fazendeiro). Apavorada, a esposa de João Pedro Teixeira chamou-o para sair da Paraíba, para longe dos inimigos, ao que ele respondeu: “Você e meus filhos podem ir; fico com os retratos, mas não me acovardo”.
Os camponeses não se acovardaram. A cada crime cometido pelos latifundiários, havia manifestações de protesto e aumentava a mobilização. A Liga Camponesa de Sapé crescia a cada dia, filiando, em três anos, 15 mil camponeses, além de trabalhadores urbanos, estudantes, profissionais liberais e pequenos comerciantes. Era uma verdadeira organização de massa e influenciava outros municípios da região.
O sangue do mártir é semente de lutadores

Os latifundiários acreditavam que, matando o líder, acabariam a Liga. Uma trama foi bem urdida. O sogro de João Pedro, que nunca concordou com suas atividades, vendeu o sítio onde ele morava a um proprietário de terras e vereador de Sapé, Antônio Vitor, que pressionou para João Pedro sair. Mas ele se recusou. O novo proprietário entrou com uma ação de despejo, contestada judicialmente e com interdito proibitório, para que ele não pudesse plantar. Certo Dia, convidaram-no para uma reunião com os advogados em João Pessoa. Não haveria reunião alguma; era parte do plano de assassinato. Prepararam uma emboscada em um ponto da estrada, onde João Pedro passaria a pé quando retornasse da capital. Dito e feito. Enquanto caminhava tranqüilamente, o líder camponês foi crivado de balas disparadas pelo fuzil da covardia e da prepotência. Seu corpo foi encontrado agonizando, com as mãos apertando contra o peito os livros e cadernos que comprara para seus filhos levarem à escola. O assassinato ocorreu em 2 de abril de 1962. João Pedro deixou esposa e onze filhos, dos quais Marluce, a mais velha (18 anos) não conseguiu superar o trauma causado pela morte do pai e suicidou-se oito meses depois. Os criminosos mataram então pai e filha.
Cinco mil camponeses da região e quase toda a população de Sapé compareceram ao enterro, marcado por protesto, pranto, o compromisso de continuar a luta, e pelas palavras de Raimundo Asfora, um deputado estadual que apoiava as Ligas: “...Não vamos enterrar um homem; vamos plantá-lo. Pararam o teu coração. Surgirão novos camponeses revoltados, outros João Pedro, numerosos lutadores. Julgaram que desapareceste. Estás agora em toda a parte”.

Os camponeses prepararam uma grande manifestação para o dia 10 de abril daquele ano, em João Pessoa, mas não a realizaram por causa da operação militar realizada por tropas do IV Exército. Na véspera, os militares aprisionaram lideranças das Ligas, simpatizantes e apoios, sob pretexto de estar dando continuidade a um inquérito policial-militar destinado a apurar a responsabilidade de pessoas que estariam usando as Ligas para práticas subversivas, inclusive o contrabando de armas. Vasculharam até as casas de dois juízes de Direito, o que causou veementes protestos e mal-estar no Poder Judiciário paraibano. Não encontraram absolutamente nada.
Era só um pretexto. Aliás, quem tinha em mãos armas privativas do Exército eram os latifundiários da Várzea. Diante disso, o ato foi transferido para o 1º de maio, tendo sido a maior manifestação popular já vista em João Pessoa. Reuniu cerca de 40 mil pessoas, entre camponeses, trabalhadores da cidade, estudantes, profissionais liberais e o povo em geral. Diante da mobilização, o governador Pedro Gondim exigiu a apuração imediata dos responsáveis e sua punição exemplar. Em pouco tempo, tudo estava revelado. Mandantes: os latifundiários Aguinaldo Veloso Borges e Pedro Ramos Coutinho, mais o vereador e proprietário de terras, Antônio Vitor. Executores: Arnaud Nunes Rodrigues, vaqueiro de Aguinaldo Veloso, e os soldados da Polícia Militar da Paraíba, Antônio Alexandre da Silva e Francisco Pedro da Silva. Todos foram condenados, menos Aguinaldo Veloso Borges, que era sexto suplente de deputado estadual e conseguiu a “renúncia” de todos os outros para poder assumir e ficar acobertado pelo instituto da imunidade parlamentar. Presos, só dois executores, soldados da PM. O vaqueiro desapareceu.


A luta continua

A luta dos camponeses de Sapé continuou, com a liderança de Elizabete Teixeira, (esposa de João Pedro), de João Alfredo Gonçalves (Nego Fubá) e Pedro Inácio de Araújo (Pedro Fazendeiro). Veio o golpe militar de 64, que proibiu o funcionário das Ligas Camponesas e interveio nos Sindicatos de Trabalhadores Rurais. No dia 1º de abriu houve prisões em massa em Sapé. No dia 7 de setembro do mesmo ano, Nego Fubá e Pedro Fazendeiro foram postos em liberdade e imediatamente, seqüestrado e “desaparecidos”. Têm-se como deles dois corpos encontrados dias depois num local ermo, perto de Campina Grande, totalmente desfigurados por violentas torturas. Elizabete, que já tinha espalhado os filhos entre os parentes e enviado um deles para Cuba, onde cursaria medicina, passou a viver na clandestinidade até a anistia. O golpe militar, que precedeu, torturou e matou camponeses, libertou os dois soldados matadores de João Pedro Teixeira.

João Pedro vive!

A História já provou e comprovo que a luta de classe só termina quando é solucionada a contradição que lhe deu origem. Nem a viol6encia particular do latifúndio nem a violência oficial do Estado conseguiram impedir o avanço da luta camponesa no Brasil, simplesmente porque não se realizou uma verdadeira Reforma Agrária. Se o problema persiste, a luta também persistirá. Morre uma centena de camponeses, milhares nascem e empunham a mesma bandeira. Destruíram as Ligas; surgiram os movimentos de trabalhadores rurais sem-terra, muitos sindicatos e federações assumiram também essa luta. Estão ocupando terras, realizando na prática a Reforma Agrária. Os líderes da luta não morrem. Seus corpos desaparecem, seus nomes e seus exemplos permanecem alimentando a gloriosa luta dos camponeses pobres e sem terra por todo este Brasil.
Maria do Carmo de Aquino, militante comunista que apoiou e assessorou várias Ligas Camponesas na Paraíba, conheceu de perto João Pedro Teixeira e, emocionada, fala do líder: “Tive uma convivência longa com João Pedro Teixeira, durante seis ou sete anos; sempre tive por ele uma profunda admiração. Era uma das maiores vocações de líder. Era humilde; nunca se encheu de vaidade por tornar-se conhecido, admirado e amado. Ele era muito autêntico. Era um revolucionário”.

MELHORES INFORMAÇÕES:

JORGE GALDINO DE ALMEIDA – Diretor de Comunicação da ONG
FONES: 83-3283-2290 / 8836-0340

sexta-feira, 19 de junho de 2009

A fala da Feira em vídeo








Os estudantes Irapuan, Gildácio e Fagner, turma 2009.1 UEPB/CH de Antropologia Cultural ministrada pelo prof. belarmino mariano neto, eleboram painel antropológico sobre a "fala da feira" e produziram pequeno vídeio para o youtube . A equipe fez um painel em papel paraná e participou da exposição dos trabalhos finais da disciplina no Anexo da UEPB, realizada no dia 18/06/2009. Além desse painel também foram expostos temas como: A casa de farinha; as cirandeiras de caiana (Comunidade Quilombola de Alagoa Grande); As rezadeiras; Festa da Pedra (Araruna); A cruz da menina; A cultura do puçá; A cultura da praça; e o Frei Damião.
vejam a fala da feira em painel antropológico enquanto vídeo:
Outros temas como: Artistas de rua; Lenda, paisagem e cultura; Fogão de lenha; Assentamento Tiradentes e Pescaria foram destaque na exposição.
O evento contou com o ciclo de Palestra do Professor Nilton Abranches Jr. Sobre Geografia Agrária e Ambiente e uma Mesa redonda sobre "Cultura e religiões Afro-brasieleira". Com a participação do Pai de Santo Francisco Ipojuca; com os professores Luiz Thomaz, Waldecir Ferreira; Rosilda Alves e Belarmino Mariano.
Nesse dia também aconteceu a Mostra de Ciências da turma 2007.1 de Pedagogia, tendo a frente a profa. Silvania Araújo e sua turma. Os trabalho foram resultado de oficinas de paineis e maquetes. Contou também com apresentações de dança e palestra sobre doação de sangue.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Cultura e religiões afro-brasileiras


UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - UEPB
CENTRO DE HUMANIDADES – GUARABIRA
Departamento de Geografia e História
Departamento de Letras e Educação


(MESA REDONDA)

CULTURA E RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS

DIA 18 de Junho de 2009
As 19:30 Horas
NO AUDITÓRIO DA UEPB/CH

PALESTRANTES CONVIDADOS:
Francisco de Ipojuca (Juca) Nogueira (Estudante de Letras)
Prof. Dr. Waldeci Ferreira das Chagas (História da África);
Profa. Dra. Rosilda Alves (Literatura Africana);
Prof. PhD Luiz Thomaz (Antropologia Africana);
Prof. Dr. Belarmino Mariano Neto (Antropologia Cultural);

Essa mesa redonda nasceu da necessidade em aprofundarmos conteúdos relativos à Antropologia Cultural ministrada pelo professor Belarmino Mariano em turmas de geografia. Ele convidou o professor Waldeci e Luiz Thomaz para contribuir com essa disciplina falando de suas experiências sobre a cultura africana, religião, ritos e mitos. A professora Rosilda também se interessou pela temática, pois trabalha com estas questões no Curso de Letras e o estudante IpoJuca, praticante do candomblé e estudioso do assunto, foi convidado para falar um pouco sobre as religiões africanas no Brasil. A Professora Marcelle Ventura de Prática de Pesquisa em Língua e Literatura ficou sabendo e também resolveu convidar sua turma para discutir o tema. Nesse sentido, resolvemos juntar nossas turmas para discutirmos a temática de maneira interdisciplinar e criamos essa mesa redonda, pois o conteúdo proposto tanto interessa aos estudantes de Antropologia Cultural, quanto aos geógrafos, historiadores, educadores, teólogos, lingüistas e literatos, entre outras áreas do conhecimento.

Organizadoras do Ciclo de Palestras: Profa. Dra. Luciene Arruda Vieira e Profa. Esp. Cléoma Toscano Henriques.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Homegam ao prof. Paulo Lima





UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
CENTRO DE HUMANIDADES – CAMPUS III
DEPARTAMENTO DE GEO-HISTÓRIA
CURSO DE LIC. PLENA EM GEOGRAFIA


HOMENAGEM AO PROF. PAULO LIMA
“Laboratório de Estudos Ambientais Prof. Paulo José de Lima”


Prof. Paulo Lima, Foto de Belarmino Mariano Neto 03/06/2009.



A homenagem é renomear o Laboratório de Geografia (Labogeo) para “Laboratório de Estudos Ambientais Prof. Paulo José de Lima - LEAPJL”, em homenagem ao Prof. Paulo Lima, por ter sido ele seu fundador e pelos anos de dedicação à UEPB/CH/DGH.
Depois de décadas como professor de Geografia Física, mestre de um conhecimento exato sobre os elementos da natureza e detentor de metodologia capaz de analisar e explicar os fenômenos da natureza, o professor Paulo Lima é um dos mais importantes quadros humanos da Universidade Estadual da Paraíba, campus III. Lotado no Departamento de Geografia e História, fez de tudo para que esse departamento e, em especial, o curso de Geografia, ganhasse status de qualidade e eficiência. Para isso, investiu boa parte de sua vida e montou “pedra a pedra” o primeiro laboratório físico da UEPB. Intitulado de Labogeo – Laboratório de Geografia.
Lembramos da visita da Profa. Emilia de Rodat da UFPB, quando em visita viu o acervo geológico e paleontológico (fósseis) que foram colecionados, classificados e sistematizados pelo professor Paulo Lima, ao longo de sua vida acadêmica na UEPB. Um verdadeiro trabalho de paciência em deixar para as futuras gerações de geógrafos um acervo de minerais e rochas do complexo cristalino, metamórfico e sedimentar, com registro de várias regiões do Brasil e até do estrangeiro.
O Prof. Paulo Lima é oriundo da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Centro de Ciências Exatas e da Natureza – CCEN e Departamento de Geociências. Em sua base de pesquisa, figuram dezenas de trabalhos sobre estudos climáticos e de outros temas relativos à geografia física. Vale destacar sua importante contribuição na produção do mais respeitado Atlas de Geografia da Paraíba, publicado em 1985 e que é referencia obrigatória em nossas universidades.
Na UEPB, depois de sua chegada, juntamente com professoras como Ana Glória e Marceleuze Tavares, houve uma significativa mudança no perfil do curso, em especial com o projeto de Especialização em Análise Ambiental da Paraíba, que foi coordenado pelo próprio professor Paulo Lima e que, entre outras coisas, pós-graduou vários professores do curso de Geografia da UEPB, além de dezenas de estudantes da região. Aqui na UEPB ele elevou o nível dos estudos geográficos, orientando dezenas de trabalhos acadêmicos orientados e formando centenas de professores em licenciatura plena em Geografia.
Seu Mestrado em Geografia Física pela UFPE fez a grande diferença para que o mesmo passasse a atuar nessa área de conhecimento, o que possibilitou essa verdadeira paixão pela ciência geográfica. Então, no limiar dos seus 70 anos de idade, o Prof. Paulo Lima merece nosso reconhecimento e será uma honra ter o seu nome no laboratório por ele construído e que é sinal de pioneirismo para nossa instituição. A provação departamental por unanimidade no dia 10 de junho de 2009 e a necessidade de uma placa na entrada do laboratório representam o reconhecimento da homenagem.
PROPONENTES:
Professores de Geografia do DGH
Coordenação de Geografia
Chefia do Departamento de GeoHistória
Centro Acadêmico de Geografia Prof. Milton Santos
Terra – Grupo de Pesquisa Urbana, Rural e Ambienta/UEPB/CNPq
Coordenação da Especialização em Geografia e Território: Planejamento Urbano, Rural e Ambiental/UEPB/PRPGP/CH/DGH

Guarabira, 10 de junho de 2009.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Resenha - Pedagogia do Movimento Camponês na Paraíba





PEREIRA, Antonio Alberto. Pedagogia do Movimento camponês na Paraíba – Das Ligas aos Assentamentos Rurais. João Pessoa: Edéia/Editora da UFPB, 2009, 214p.


RESENHA: Por MARIANO NETO, Belarmino. (UEPB/CH/DGH) belogeo@yahoo.com.br

Gostaria de começar esses escritos dos escritos do Prof. Dr. Antonio Alberto Pereira (Toninho), dizendo que ao pegar seu livro e ver a materialidade dessa construção de idéias e relações com os movimentos sociais, senti um arrepio danado pelo corpo, pois um dia desses era um estudante secundarista e acompanhava os agricultores de Camucim acampados na praça João Pessoa, lutando contra a violência no Litoral Sul da Paraíba e querendo a demarcação de suas terras para nelas viver e trabalhar. Foi nesse movimento que conheci Margarida Maria Alves, aquela mulher guerreira e inflamada contra usineiros que desrespeitavam os direitos trabalhistas na várzea do Paraíba e Mamanguape dos territórios de rios ocupados pela monocultura canavieira. Aquela Mulher estava ali solidária com os camponeses da várzea do Abiaí.
Mas por que falar de rios, de águas e territórios? Porque o trabalho de Toninho consegue com o apoio de Hygia Margareth, uma capa que em si já é um texto de imagens fantásticas da história, da geografia e da memória camponesa que se consegue transformar em pedagogia camponesa. Esse rico painel fotográfico que mostra de João Pedro Teixeira, a macha camponesa pela reforma agrária, se encontra com Elizabete Teixeira, Margarida Alves, chegando aos acampamentos, conflitos e assentamentos.
Nas imagens de capa ainda é possível observar os assentamentos transformados em roçado, criação de animais, pesca e feira camponesa. O Painel segue na contracapa do livro de Toninho e possível ver a sua idéia de pedagogia dos movimentos camponeses em salas de aulas do campo, reuniões, manifestações e ocupações históricas de lugares como a sede do INCRA/PB. As bandeiras da CPT, do MST e da Via Campesina se misturam as imagens da mística do movimento que também é pura pedagogia camponesa.
Quando comecei a escrever sobre esse novo livro de Toninho, também fui lembrando seu primeiro livro, aquele que trata de “Um olhar educativo sobre a reforma agrária” que ele intitulou como “Além das Cercas...” também publicado pela Idéia em 2005. Se esse livro já foi muito bom e venho tornando em leitura obrigatória para meus alunos de Geografia Agrária, imaginem seu novo livro que aprofunda a questão agora focada diretamente na Pedagogia do Movimento Camponês na Paraíba. A gente às vezes fica querendo encontrar uma brecha para entrar no livro dos outros e assim vou me metendo nessa bela obra que aconselho uma leitura detalhada.
Um dia desses estávamos sentados na Praça da Paz dos Bancários e enquanto nossos filhos brincavam, a gente discutia sua construção de Tese. Ele dizia que estava querendo uns livros que tratassem da questão do território que achava esse debate bastante profundo na geografia e era seu interesse levar essa questão para a Pedagogia. Acho que Toninho assumiu o desafio e conseguiu como fazer isso com maestria, pois quando reviso seu aporte teórico, afirmo sem dúvida que sua construção transcende o campo da Educação do Campo e aponta para um texto de interesse das ciências sociais, humanas, econômicas e afins (antropologia, sociologia, filosofia, economia, história, geografia...). Tal afirmativa se prende ao que Toninho nos oferece enquanto arranjo teórico que dialoga com autores profundamente comprometidos, tanto com a ciência, quanto com as transformações sociais.
Nesse livro além de nos oferecer um significativo banco de imagens produzidas por Hygia Margareth, ou dos arquivos dos Movimentos sociais do campo, ainda nos brinda com importante acervo cartográfico enfocando os assentamentos da reforma agrária na Paraíba e as famílias assentadas. Essa preocupação consolida sua dimensão de território enquanto espaço de poder, nos permitindo observar a dinâmica dos movimentos camponeses na Paraíba e a forte presença de assentamentos, tanto no Litoral, quanto no Agreste, Brejo e Curimataú paraibano, sem perder de vista que a reforma agrária também chegou ao Sertão e Cariri paraibano.
Penetrando especificamente nos meandros do livro é fundamental informar que Toninho demonstra muito fôlego em suas 214 páginas de puro conteúdo. Não se pode deixar de ler o prefácio da Profa. Irene Paiva (UFRN), nem a apresentação de Hermínio Canova (Coordenação Nacional da CPT), pois ela confirma a capacidade acadêmica do trabalho de Toninho e Canova confirma a validade da pesquisa para o movimento camponês. Demonstração de que é possível fazer ciência a serviço da sociedade.
Outro aspecto a considerar é a introdução do livro, marcada pelo profundo respeito e reconhecimento do autor ao que ele denominou de co-sujeitos da pesquisa, representados tanto por estudantes do magistério do campo (Turma Margarida Maria Alves), quanto por lideranças do movimento camponês na Paraíba a exemplo do Frei Anastácio. O bom de sua apresentação é que, na medida em que conhecemos os co-sujeitos da pesquisa, já vamos adentrando na teia de relações e conexões humanas que ele vai tecendo ao longo do livro. É um livro permeado por gente, por vidas que conhecem a realidade camponesa e que busca na luta essa pedagogia dos movimentos que Toninho sabiamente sistematiza em sua pesquisa e nos presenteia enquanto livro.
Seu engenho de pensamento nos obriga a enveredar pelos clássicos da ciência moderna e contemporânea, pois logo no capitulo 1, ele faz uma direta relação entre o campesinato e o capital, sem medo de dialogar com Marx, com a luta de classes e com a exploração do trabalho e apropriação da terra pelo capital que na atualidade se transverte de agronegócio. O bom é que aqui a gente não precisa se embebedar de Karl Marx, Ricardo ou Engels, pois Toninho chama estes autores para um dialogo com os dias atuais e para a natureza brasileira, ora representada pela cultura indígena e relação com terra, ora com o processo colonizador de escravidão de terra e de homens, nessa perversa ótica do capital sobre o ser humano e a natureza (p.54).
Quando comecei a ler o capitulo 2 pude perceber a clara construção de sua tese, pois Toninho conseguiu dizer claramente de que pedagogia ele estava tratando, pois colou a sua interpretação a idéia de “Sentido pedagógico do campesinato na longa marcha de resistência” (p.79). Ou seja, ele trata de uma pedagogia construída na luta e da luta dos oprimidos, claro que focado na questão agrária. Toninho propõe claramente uma pedagogia da intervenção, na qual os pedagogos se comprometem com o seu objeto, pois nessas relações objetos são sujeitos ou co-sujeitos de uma ciência que ou serve ao capital ou serve para a libertação proletária bem a moda Paulo Freire.
Onde vejo isso que afirmo sem medos de errar? Se teoricamente é construída uma idéia de “fim do campesinato” (p.81), Toninho responde com outro caminho, o da “Via Campesina” (p.85). Se no capitulo 1, Toninho utiliza-se do pensamento de Marx para construir o carretel da história da luta de classes, aqui ele faz dura crítica aos marxistas que apostavam no fim do campesinato e classe operária como detentora do espírito revolucionário para dar cabo do capitalismo. Parece que o modelo industrial-desenvolvimentista esbarrou nas questões ambientais e o campo do agronegócio também não se sustenta ecologicamente, logo, uma sociedade ecológica passará pelo fim do capitalismo.
Acho que os anos vividos com os índios fez de Toninho um apaixonado pela vida e pela natureza, mas se o capital pretende destruir o que considera enquanto estágios atrasados de civilização é possível constatar na tese de Toninho que a Via Campesina aponta para um modelo de sociedade camponesa em que a “biodiversidade, respeito à capacidade produtiva da terra, valor cultural e preservação dos recursos naturais” (p.86) estão na pauta dessa nova sociedade em construção. Assim, A pedagogia dos movimentos camponeses se renova com as preocupações ambientalistas do presente e se fortalece na organização dos movimentos que agora não lutam apenas por terra para trabalhar, mas também por terra para preservar. Coisa que o grande capital não faz, pois o agronegócio é marcado por maquinário pesado, agrotóxicos e exploração dos trabalhadores.
Isso acarreta destruição da natureza e violência contra os homens e mulheres que vivem no campo. Daí observar sua profunda preocupação com a luta camponesa não apenas no Brasil, trazendo para seu campo de estudos rebeliões e conflitos como o de Chiapas no México, bem como em toda a América Latina. Mas como ele mesmo diz, a preocupação central do livro é com o Brasil e especificamente com a Paraíba e com a luta camponesa, e a violência praticada contra os camponeses e suas famílias ao longo de séculos, mas que foram cruéis em meados do século XX e que se estendeu para o século XXI.

É muito gostoso ler um livro que tem começo, meio e fim. Assim é o livro de Toninho, pois seu capitulo 3 é todo marcado pela “Pedagogia o movimento camponês” (p.119), a partir da experiência como processo educativo. Aqui Toninho aprofunda a questão relativa a educação do campo e a pedagogia camponesa, mas não faz isso apenas na teoria, pois no que ele chama de “territórios das ligas camponesas” (p.119), apresenta em dados os 260 projetos de assentamentos, 82 acampamentos e uma população de aproximadamente 100 mil habitantes. Esses números realmente são significativos e a cartografia confirma áreas rurais em que os projetos de assentamentos redimensionaram a lógica municipal e a produção camponesa.
Digo isso também por experiência de pesquisa, pois trabalhei com a idéia de territórios da agroecologia na Paraíba e pude constatar o significativo papel dos assentamentos de reforma agrária na constituição dos desenhos territoriais da agroecologia na Paraíba e o quanto os assentados contribuem com estas novas preocupações socioambientais. O mais interessante de uma pedagogia que se desenvolve fora dos bancos da escola é ver na pesquisa de Toninho que se aprende na luta, seja na reflexão sobre o conflito ou na própria pele, quando na luta, companheiros são brutalmente assassinados, quando são espancados ou guardam no corpo projeteis de balas e/ou espoleta.
Essa é uma pedagogia em que professores dos acampamentos e assentamentos se servem em uma mesa farta de saberes dos conflitos da terra, de memórias dos mais velhos e de histórias de vidas que viram aulas, textos, faixas e cartazes de um aprender na luta. Camponês que muitas vezes acha mais pesado um lápis grafite do que um cabo de enxada começa a partilhar de uma nova escola, de uma nova pedagogia, pois os textos são recheados de contextos e de pretextos para essa pedagogia que Toninho defende em seu livro.
Ele vai mais longe quando destaca que na luta pela terra surgem às conquistas e muitos agricultores que sempre trabalharam no alugado, agora com seu pedaço de chão, começam a viver um aprender com a terra, uma “pedagogia da terra” (p.138), e me permita dizer essa mistura de luta e de conquistas e de pedagogias, viram uma poesia de imagens e de falas dos próprios camponeses ou de seus filhos e filhas. Falas que é preciso ler o livro do Toninho para se apaixonar também pela sua pedagogia. Pois espertamente, depois de tudo isso é que ele nos faz retornar para essa pedagogia perversa do capital, perpassada por uma pedagogia do camponês oprimido.
Como é bom ler um livro em que o autor não constrói linhas nem trilhos, mas nos deixa em um verdadeiro asterisco (*) de possibilidades, tendo como ponto central a pedagogia camponesa e enquanto radiais possibilidades, saídas claras e que são conclusivas para uma pedagogia da intervenção claramente defendida no capitulo 4, quando Toninho propõe uma escola camponesa, essencialmente estruturada por uma educação do campo, sob o ponto de vista das famílias camponesas e a serviço do campesinato. Isso não é utopia e para os interessados pelo tema vale a pena ler este livro, pois as várias imagens do capitulo 4 servem de texto comprobatório de que uma educação do campo é a busca de uma nova territorialidade camponesa, ancorada nos saberes da terra para além das cercas...é que Toninho nomeia de uma pedagogia do movimento camponês.
Aproveite para o lançamento desse livro no II Encontro Diálogos sobre Educação do Campo, UEPB/CH, Guarabira, dia 10/06 as 19:39 hs, Evento organizado pela Profa. Ms. Rita de Cássia Cavalcante (pedagoga).

O Lixo nosso de cada dia

Por Belarmino Mariano Vendo os dados do Portal Desenvolvendo Negócios, podemos observar que as dez maiores empresas de coleta de...