sábado, 11 de abril de 2015

A Morte Espetacular


Por Belarmino Mariano Neto

Quando ocupei o útero de gaia ainda não era homem, mas apenas sonho.
Gaia Gerou do sêmen solar a luz da vida que germina em suas entranhas fecundas. Primeiro um pó de luz se espalhando pelos recantos e imaginários olhos de mulher, que chora, grita, e sorrindo cria nas profundezas do ser os cristais para o novo e desprendido movimento do nascer galáctico. O filho de uma nova idade, fluído de uma aromática essência de mulher que chorando se corta por dentro e sangra um avermelhado e violento momento matriarcal.

"Eu vi a morte, (...) com manto negro, rubro e amarelo.
Vi o inocente olhar, puro e perverso, e os dentes de coral da desumana.
Eu vi o estrago, o bote, o ardor cruel, os peitos fascinantes e esquisitos.
Na mão direita a cobra cascavel, e na esquerda a coral, rubi maldito.
Na fronte uma coroa e o gavião, nas espáduas as asas deslumbrantes que ruflando nas pedras do sertão, pairavam sobre urtigas causticantes, caule de prata, espinhos estrelados e os cachos do meu sangue iluminado.
 (...) Mas eu enfrentarei o sol divino, o olhar sagrado em que a pantera
arde. Saberei por que a teia do destino não houve quem cortasse ou desatasse.
(...) Ela virá a mulher aflando as asas, com os dentes de cristal feitos de brasas e há de sagrar-me a vista o gavião. Mas sei também que só assim verei a coroa da chama e Deus meu rei assentado em seu trono do Sertão." (Ariano Suassuna, Poesia Viva, 1998, CD:14 e 15).


Estes fragmentos de sonetos, carregados de signos, enigmas e imagens únicas
são os elementos da morte, percebidos por Ariano Suassuna. Neste imaginário, as figuras da morte, vestida com adereços de elementos da natureza sertaneja, nos faz viajar pelas palavras para na morte a sublimação da carne, onde o sol é um testemunho vivo de tal sede. Assim, símbolos da natureza semi-árida são ressaltados como poderosos e sagrados, no ponto do divino centralizar sua força nestas terras. Em outras partes do soneto, Suassuna ressalta a morte como um toque inapelável do divino, maciez, vida e obscuro toque de um Deus no homem.
O lugar e seus elementos como o gavião, a cascavel, a coral, a vida e a morte como figura feminina, que em suas palavras ganham um profundo significado. O destino, outro elemento muito forte na cultura nordestina, que em sua “triste partida” pode estar traçado, e diante da morte é preferível vagar pelas terras alheias, na espera de um dia voltar. Pois o destino traçado em suas mãos vai além de seus poderes terrenais.
Morte espetacular, em todos os seus elementos de arte. A morte possui a arte de matar. A morte mata o tempo e morrer é muito natural. Todo tempo é de morte, é de morrer. O ato de morrer parece o fim da vida, animal ou vegetal, mesmo que Anúbis e sua cara de chacal, pese a possibilidade de vida eterna na morte.



     Fonte: www.sporcle.com 435 × 595

Pode ser uma entidade imaginária, crânio humano sobre ossos e cinzas.
Morte agônica, súbita, neurocerebral e irreversível. A morte cósmica de uma estrela, grande e natural morte. Morte matada não natural. Morrida, natural.
Por doença, violenta, rápida, imprevista. Desastre, homicídio, suicídio.
Chorada, cantada, lastimada, irremediável.


A morte de um amor ou de um rancor. Cores incolores pouco vivas, pálidas,
mortas, brancas, pretas almas. Um espetáculo em fractais do nada. Milhares de pessoas todos os dias e noites.
A cor incolor da morte tecida em luz e trevas, ausenta e apresenta-se sai dos esconderijos e em seu clandestino silêncio, representa a contemplação nua dos deuses com seus toques mágicos de mulheres em seda, morim e cetim. Tintas e cores tecidas no multicolorido matar incolor. Um espetáculo aos vivos. Bandeiras sobre os caixões, fogo das paixões cremam em lágrimas, enquanto as flores murcham e as moscas acompanham o cortejo fúnebre.
Era um anjinho, menos de um ano. Cedo de mais para seus oitenta e cinco anos de vida lúcida e pública. Apenas um ano e o câncer se espalhou por toda sua vida acumulada em rugas.
Um espetáculo de cores que para o trânsito e muda o sentido das conversas. Breve, curto, longo sentir. Apenas um tremor de terra, quase tudo pelos ares. Via satélite, aos vivos. Um espetáculo de imagens em escombros. Quase tudo fora do lugar. Um resgate pelo cochilo da morte. É o que é da morte em todos os lugares, um complemento ao ponto final. Um espetacular cálculo estatístico que preocupa os órgãos de saúde.
As covas são valas rasas e pequenas para os milhares de mortos infantis por
desnutrição transcontinental. Um espetáculo, assistido em propagandas de
iogurtes, PROMOÇÕES de supermercados ou recordes de produção nas safras de grãos.
Um espetáculo em imagens para a hora do almoço e do jantar. Uma morte que fica bonita e ganha vida própria. Colorido, trilha sonora, visitas ilustres e cenas de choro e lenços. Populares e ilustres tecem curtos trechos de filosofia vã
(vida/morte, ser/existir, desistir). A tristeza se reveste de pompa, os óculos pretos e modernos contrastam com as faces rubras de peles bem tratadas.


A morte ganha todas as cenas, gera audiência, redimensiona a memória/imagem de passados que já estavam mortos. Os filtros das câmaras criam um ar acinzentado e mórbido. Flores quase mortas avivam os entornos do espetáculo mortal. Uma princesa, um velocista, um bandido, um índio Galdino, um mega star, um caminhão de sem terras no click de Sebastião Salgado ou mesmo um simples popular do corpo de bombeiros, que arriscava a vida para salvar vidas. Todos filhos da morte.
Tons e sons de morte sobrevoam o local do cortejo. É uma pessoa ilustre, um chefe de Estado, era integro honesto e bravo. Álbuns de família são focados pela panorâmica das câmaras. Uma desatinada busca e alucinada espera. Cortante e bruto alimento do pensar, desconstrução de destruição na construção de uma miragem. Filhos do estupro ou abortados pelo medo, homens. Violação patriarcal do divino, violência matriarcal em estar vivo. Morte calada que rebusca nas cinzas a poeira cósmica da noite, que escondo o sono e que não permite a embriagues dos sonhos.


Um espetáculo mortal, monumental. Milhares foram soterrados pela truculência da natureza, em um simples tremor de terras. Cenas mundiais repetidas mais de uma vez pelos diversos canais, via satélite, aos vivos.
A tragédia é africana e européia. Combina morte/ rivalidade, alimento/ fome. Um espetáculo mortal e louco de vacas inocentemente sacrificadas aos milhares. Tragédia euro-africana de vacas e homens. Quantas vidas para cada morte. Uma morte, uma vida.


Uma cena espetacular que desencadeia todos os pensamentos
que a lucidez consegue roubar da mente em uma loucura. Um viajar imaginário do ser e penetrar da seda fina do subatômico do momento do sábio nadar e no
demasiado sendeiro do escuro da luz nada encontrar. É grande a noite se resumida a uma madrugada da morte. Parece uma nevasca eterna. São tantos os espaços da morte que até o vazio se desespera.


É um espetáculo a certeza da morte. Como garrafas de vinho vazias representa os devaneios humanos, a morte das uvas e o nascimento dos sonhos que embebidos pelo doce/amargo, seco/suave traz na sua idade o sabor de uma vida presa, enfrascadora de energias que em estado líquido, tinto, branco ou rose, pode derramar-se sobre o corpo, a alma, a calma e a alegria. Por libertar-se, ser vinho, rio correndo pelo pensar e passar dos que se tornam vinhos em suas fantasias fermentadas. Te vê do alto com um voar de homem-pássaro, tua contradição dilacera todos os sentidos de um apocalíptico alfa do gradativo vitral nadesco a se apagar. Sem luz perdi de ver o brilho dos teus olhos, perdi de ver de vez o que talvez não veja jamais.

Fonte do texto:
Extraído na integra - http://www.cchla.ufpb.br/caos/numero4/04marianoneto.pdf.
republicado com imagens no blog: http://essencialismo.blogs.sapo.pt/morte-espetacular-7283
Fontes das Imagens
https://www.google.com.br/search?q=imagens+da+morte+e+mitos&espv=2&biw=1280&bih=656&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=96qPVJntKs6uogSP-IKICg&ved=0CBwQsAQ

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Geografia Cultural e Teorias Liberais do individualismo


Por: Belarmino Mariano Neto

Este artigo se coloca na perspectiva de entender o processo sociocultural de construção geográfica do indivíduo liberal. Para tanto, não posso partir apenas de um pensar pessoal, nem partir do zero. É importante partir de correntes de pensamentos historicamente experimentadas, não apenas enquanto suporte do já escrito, mas na perspectiva crítica e criativa para poder me deparar com a realidade contemporânea do individualismo vivido nas diferentes esferas do cotidiano, servindo como parâmetro para novas reflexões e uma melhor compreensão do objeto de estudo em foco.
A Geografia Cultural é uma corrente de pensamento da Geografia com a qual me identifico, por permitir um maior relacionamento e diálogos com outras ciências sociais como a História, Antropologia, Sociologia, Filosofia e Psicologia. Além do mais, esta escola de pensamento geográfico possibilita leituras diversas na perspectiva tanto do sociocultural, quanto do socioambiental como experimentos de práticas culturais em diferentes ângulos. A exemplo dos estudos sobre: "espaço e religião; espaço e cultura popular; espaço e simbolismo; paisagem e cultura; percepção ambiental e cultural; espaço e simbolismo..."(CORRÊA, 1995, p.03-11).
A construção do indivíduo liberal a luz de ideias desenvolvidas a partir século XVII, será analisada a partir dos cientistas sociais como: Macpherson, Dupuy e Magalhães, pensadores à cerca do indivíduo liberal e da sociedade moderna ocidental.
Na Perspectiva da Geografia Cultural chamo a atenção para pensadores como Corrêa, Rosendahl e Cosgrove. Isso não significa uma exclusão de outros pensadores, mais apenas uma adequação aos limites espaciais do artigo.
A leitura dos autores acima foi no sentido de uma exposição geral, em relação ao pensamento teórico buscando um "fio de intercessão" ou sequência dos fatos que serão levantados ao longo do texto e que servem como um primeiro referencial a cerca do indivíduo liberal ou do debate sobre sociedade e indivíduo, muito presente na Sociologia, Antropologia e que até certo ponto, não vem servindo de referência para geógrafos.
Enquanto diretriz metodológica foi escolhida a análise textual e temática dos diferentes autores no sentido de abordar no texto, uma visão panorâmica e direcionamento desta para nosso foco temático central - A construção do indivíduo liberal. Como sendo justificada por estes autores.
A intenção é na medida do possível, eliminar as ambiguidades e os pontos passíveis de dúvidas. Como a temática geral abrange uma temporalidade (século XVII ao século XX) muito ampla, estarei desenvolvendo uma estrutura a partir de fatos pontuais de maior destaque na história do pensamento liberal e seus desdobramentos.

A Teoria Política do Individualismo Possessivo (de Hobbes a Locke).
In MACPHERSON.



Caminhar confundido a tanta heterogeneidade em constante movimento é uma experiência saudável e peculiar. Tudo parece mergulhado NUMA grande corrente, onde cada um procura o seu próprio objetivo. No meio de tantas pessoas e tamanha excitação, sinto-me cheio de paz, sozinho, pela primeira vez. Quanto mais alto o burburinho das ruas, mais quieto eu me torno (Goethe. In. SENNETT, 1994, p.228).


As raízes da Teoria Liberal-democrática europeia no século XVII foram historicamente marcadas por significativas contradições no plano econômico, social, cultural e político.
Os elementos da vida urbana como atividades artesanais, manufaturas e mercantis criaram um forte intercâmbio comercial europeu que se estendeu para outras partes do mundo. O surgimento e desenvolvimento da burguesia mercantil, crescimento do número de trabalhadores pobres mais livres, a decadência agrária da aristocracia rural e da nobreza e o fortalecimento dos ideais protestantes, críticas ao poder econômico e político da igreja católica foram fundamentais para a busca de teorias que dessem conta dessa nova realidade (CHAUÍ, 2000, p.398).
Até que ponto os teóricos do século XVII, conseguiram explicar estas novas experiências conflitantes? Será dizer que o indivíduo começa a definir sua existência a partir dessas novas condições sociais?
O individualismo oriundo do século XVII continha a dificuldade central, residindo esta na sua qualidade possessiva. Sua qualidade possessiva se encontra na concepção do indivíduo como sendo essencialmente o proprietário de sua própria pessoa e de suas próprias capacidades, nada devendo à sociedade por elas. O indivíduo não era visto nem como um todo moral, nem como parte de um todo social mais amplo, mas como proprietário de si mesmo (...) achava-se que o indivíduo é livre na medida em que é proprietário de sua pessoa e de suas capacidades. A essência humana é ser livre da dependência das vontades alheias, e a liberdade existe no exercício da posse (MACPHERSON, 1979, p.15).
Macpherson (1979) elege Hobbes e Locke como referência para discutir a teoria política do individualismo possessivo. Três elementos importantes para entender a concepção de Hobbes e Locke: o Estado de Natureza, o Contrato Social e o Estado Civil. Estes conceitos, relacionados aos indivíduos que formam a sociedade e que aceitam submeter-se ao poder político das leis.                               
Para Hobbes, (2001), no Estado de natureza, os indivíduos vivem em luta constante, guerra de todos contra todos. Nesse estado reina o medo. "Para protegerem-se uns dos outros, os indivíduos, se armam, ocupam territórios, mesmo assim o que predomina é a lei do mais forte e a falta de garantias". A natureza humana é marcada pela competição, desconfiança, poder e gloria. A força da astúcia (domínio). Estes são impulsionados pelo princípio de posse, ocupação, invasão e destruição uns dos outros. O Estado de natureza anterior ao estabelecimento da sociedade civil, um "estado de guerra". Assim ele justifica a necessidade do Estado de natureza que leva em consideração o homem social civilizado, baseado no poder do soberano.
Enquanto pensador da Geografia Cultural, posso considerar estes argumentos como representativos de um determinismo de ordem ambiental ‘a natureza do homem’, algo parecido com uma história estanque da política no espaço, sem considerar, no entanto que diversos comportamentos humanos, apontaram para outra matriz de relações homens/homens e homens/natureza enquanto construção cultural. Esta linhagem permite uma construção simbólica para além da ideia de poder. Um exemplo é a própria difusão de técnicas, atitudes, ideias e valores que vão além do egoísmo e da submissão ao poder político soberano.
A grande diversidade cultural manifestada em diferentes espaços e tempos permite uma leitura dinâmica de experiências vividas individualmente ou coletivamente, enquanto práticas dominantes; práticas alternativas de grupos ou indivíduos não dominantes e práticas de minorias excluídas aos olhos dos grupos dominantes, mas com importante valor simbólico e de significados (CORRÊA, In.: COSGROVE, 1995, p.6-7).


A Luta pela sobrevivência, a busca por comida, agasalho e energia foram e ainda são uma constante em todas as culturas do mundo, este tópico pode induzir a uma ideia de egoísmo enquanto marca da natureza do humano. Uma construção natural e cultural dos grupos humanos enquanto competidores. Mas, em contrapartida, existe uma prática muito comum em todas as culturas que é no momento da fartura, a festa, a diversão, sempre regada com muita comida, bebida e alegria solidária. Este não é um comportamento apenas dos momentos de abundância, mas também das fases de dificuldade dos grupos ou indivíduos. Estes agem de forma altruísta, solidária e ou benevolente.
Mattelart (2000, p. 169-74) considera Kropotin e Reclus, dois importantes geógrafos do pensamento libertário, como defensores de uma rede igualitária na era neotécnica. Eles argumentam que os seres humanos agem muito mais em função da ajuda mútua espontânea, que a simples competição de todos contra todos, levantada por Hobbes e reforçadas por Darwin na ideia de competição e luta pela vida. Reclus em sua grande obra geográfica destaca em diferentes momentos que a maior força de uma sociedade é a fraternidade universal na construção humana, simpatia e respeito que são demonstrados em atos de solidariedade.
Fonte: www.gopixpic.com 
Não estou querendo desde já, eliminar a grande tese da cultura política e até sociobiológica da origem e evolução do homem, enquanto organização de indivíduos competidores que se agrupam para o exercício das disputas por recursos naturais, geralmente respeitando a força e astúcia de um sobre os outros. Estes são apenas alguns elementos de contraposição ao diálogo que ora venho desenvolvendo, sem perder de vista o fio de interconexão com o tema central.
O poder soberano necessário poderia passar a existir conforme dois modos: pela conquista e sujeição dos habitantes por um indivíduo ou um grupo soberano (soberania por aquisição), ou pelo acordo mutuo entre indivíduos para a transferência de todos os seus poderes naturais a um indivíduo ou grupo (soberania por instituição). Não fazia diferença saber como a soberania era estabelecida, desde que fosse reconhecida por todos os cidadãos (MACPHERSON, 1979, p.31).
O pensamento teórico e filosófico de Hobbes, (2001) é visto como pressuposto para a ideia de construção do indivíduo liberal. Em sua principal obra: Leviatã (1611) apresenta todo um conjunto de argumentações a cerca do Estado soberano e da sociedade civil, como modelo político. Para ele "o poder soberano é uma necessidade natural dos indivíduos – corpus de proteção".
No pensamento de Hobbes, marcado pela citação de Macpherson encontra a necessidade de superação do estado de natureza para a sociedade civil, poder político das leis e do contrato social, em que os indivíduos renunciam a liberdade natural em nome do soberano.
Um importante exemplo desse pensamento é a expansão dos interesses dos indivíduos burgueses e contraposição ao controle do Estado absolutista. As conturbações políticas, sociais e econômicas, chocavam os interesses da realeza/nobreza com os anseios dos mercadores. As contradições podiam ser marcadas em relação ao espaço urbano, ao espaço rural e suas produções. Os mercadores, artesões e corporações de manufaturas; permeadas pelo trabalho assalariado marcavam essas novas relações (CHAUÍ, 2000, p.399).
Para Hobbes (2001) o indivíduo constitui uma sociedade civil que necessita de um estado regulado por um soberano que impõe segurança e respeito a cada indivíduo. Este soberano é colocado como uma necessidade natural – "Estado de natureza, garantindo o comprimento das leis e o estabelecimento dos contratos social" (Ibid., 84.) Sem esse estado de natureza, não existiria a sociedade racional civilizada, pois os indivíduos se posicionariam em constante luta de uns contra os outros.


O Estado de natureza da sociedade civil baseia-se na lei, nos contratos e respeito ao soberano, por medo dos outros indivíduos. (...) os homens civilizados estabelecem harmonias em relação aos negócios, ofícios, amizade de mercado, facções, ciúmes, risos e senso de ridículo. (...) toda a sociedade é para o lucro, para a glória e para a dominação. (...) uma sociedade de indivíduos que pensam, opinam, raciocinam, esperam e temem. Tudo isso em relação ao outro. (MACPHERSON, 1979, p.34-37).
Os principais aspectos apresentados podem estar na fisiologia e psicologia do indivíduo. Estabelecido pelo apetite, desejo, aversão, experiência e julgamento em continua mutação. Homens e paixões. Desejos, poder, riqueza, conhecimento e honra. Valores comparativos e atos voluntários e virtuosos. Neste caso, o autor usa todos os indicadores observados em sua vida social de choques e contrastes (burguesia, aristocracia, nobreza, realeza, assalariados, etc.).
É importante destacar que a Geografia Cultural que tento relacionar com as demais ciências sociais, considera ao longo do século XX, importantes argumentos centrados na ideia de cultura caracterizada por componentes materiais, sociais, intelectuais e simbólicos. (CORRÊA, 1995, p. 03).
O mercado competitivo é estabelecido a partir do poder de COMPRA e de venda. Os indivíduos disputam o poder, mais poder como proteção do atual nível de poder ou aceitação do poder. Uma natural luta pelo poder ilimitado pela busca da propriedade e do poder. Temos então uma sociedade competitiva que precisa do soberano como modelo de controle social e contra a violência individual (MACPHERSON, 1979, p.57).
Essa construção pode ser observada em alguns modelos sociais por ele apresentadas:
A sociedade de mercado possessivo - uma economia de mercado e poder. O estado de natureza soberana como estrutura legal e mediação dos contratos e poderes. Diferente da sociedade de costumes "status" – baseada nos costumes/tradições/comunidades dominantes. Existindo uma ausência de mercado, a terra, o trabalho e a produção são alvos de disputas entre rivais de outros grupos. Já a sociedade de mercado simples – o mercado não é de trabalho, mas de bens. Existe uma produção e distribuição de bens e serviços pautados no trabalho, na liberdade e nas recompensas sem garantias (MACPHERSON, 1979, p. 58).
Na descrição destes modelos propostos por Hobbes, (2001) em sua teoria política do estado natural da sociedade civilizada de mercado possessivo os indivíduos vão sendo diluídos no tecido social e em suas contradições.


Na sociedade de mercado competitivo moderno, as regras de poder e controle social apontam para um aprofundamento das disputas do mercado. A Guerra como força de coerção e o estabelecimento de novas regras em ralação aos indivíduos, o mercado e o estado marcam o aprofundamento dos embates.
O liberalismo precisará de elementos que garantam aos indivíduos da burguesia um conjunto de teorias que deem suporte aos seus direitos políticos e econômicos, reconhecidos e garantidos.
Duas questões são levantadas neste momento para a construção do indivíduo liberal: a primeira consiste na busca de garantias para o poder político burguês e a segunda consiste em garantir a propriedade como direito natural.
John Locke, no final do século XVII e inicio do século XVIII, apresentará uma formulação bastante coerente sobre a definição de direito natural a propriedade. Este pensador será analisado Macpherson, como um importante divisor teórico para a ideia de construção do indivíduo liberal, sedimentado do domínio do espaço e pautado em identidades culturais reconhecidas pela sociedade como direito natural do indivíduo:
A propriedade é um direito natural individual e o governo como garantidor das posses dos indivíduos. Direito como vida, liberdade, razão, riquezas (terras e bens). O direito natural com a apropriação pelo uso, trabalho e produção. (MACPHERSON, 1979, p. 209).
Toda a argumentação descrita é baseada nos princípios do cristianismo. O mundo foi criado por Deus para o homem reinar e mesmo ‘expulso do Paraíso’, o homem continuou com o direito de com o seu suor e trabalho tirar da terra o seu pão. Para Locke (In. Macpherson, 1979), este é o legitimo e natural direito á propriedade privada como fruto do trabalho. Consequentemente, a lógica da propriedade privada dos meios de produção, como direito natural aos que dominam este espaço, justifica a garantia liberal da apropriação.
A burguesia tinha as bases para através do Estado Liberal, garantir o direito natural à propriedade, pois o Estado existe a partir do contrato social. Para o pensamento burguês liberal, quem não consegue com o seu trabalho retirar da terra suas posses, é um parasita, pobre, que não consegue a propriedade privada condição natural. Estes pobres são obrigados a trabalhar para os outros por um salário para que possam garantir sua propriedade, ou sobrevivência cotidiana.
Qual será a função do poder ou Estado soberano? Garantir a propriedade privada, por meio das leis ou da força? A teoria liberal defende que o estado proteja, mas não interfira na propriedade privada. Os proprietários como interessados na preservação ou ampliação de suas posses, são capazes de estabelecerem regras e normas de funcionamento do Estado garante o funcionamento da sociedade civil. Assim, a propriedade é o ato de posse que cada indivíduo busca enquanto prática do próprio corpo (vida), liberdade e bens conseguidos pela sua própria ação direta (trabalho).

A contradição pode ser a exata medida da ideia de indivíduo proprietário de si, fazendo o que quiser do seu corpo, vida e trabalho. (ARANHA & MARTINS, 1992, p. 249).
Trabalho assalariado como estado de natureza com salário baseado no livre contrato. Alienação do trabalho como mercadoria vendida livremente. Esta será a base moral positiva para definição da sociedade capitalista. Considera que os operários mesmo sendo proprietários de sua força de trabalho (energia), não dispõem do direito político, pois estes direitos já estão inclusos no direito dos seus patrões. (MACPHERSON, 1979, p.210).
Estes argumentos lançados por Locke (In. Macpherson, 1979), justificam o ‘individualismo possessivo’ e a ideia de democracia liberal pautada na liberdade do ser humano em qualquer relação com o outro. O indivíduo como proprietário de si, pode alienar sua capacidade de trabalho, pois a sociedade de mercado possessivo estabelece amplas relações mercantis, enquanto que a sociedade política é um artifício humano, para proteção da propriedade do indivíduo perante a sociedade civil. Nesse modelo o poder é estabelecido pela coerção da classe dominante e o sufrágio democrático como ideia de liberdade da sociedade de mercado possessivo coercitivo (Ibid., p. 214)
O pensamento de Locke em suas teorias consegue sedimentar as bases para implantação da sociedade liberal e a garantia dos direitos individuais. O direito e o poder não se encontravam nos privilégios da tradição ou herança ou concessão divina, mas no contrato expresso pela livre manifestação da vontade dos indivíduos. O direito natural à propriedade privada e a questão do conhecimento como resultado da experiência, da percepção e da sensibilidade humana, supera as suposições de que os homens possuíam ideias inatas.
Trazer este debate para o universo da Geografia Cultural é reconhecer a importância da vida individual em convergência ou divergência com o grupo, um elemento fundador de uma dimensão espacial da cultural, sobretudo no que diz respeito ao princípio de poder cultural no espaço produzido e vivido pelo liberalismo ocidental.
Macpherson (1979) levanta três importantes categorias como ideia de democracia liberal e individualismo pluralista participativo como experiências teóricas dos Estados Democráticos Liberais do Ocidente. Ele observa que este arranjo teórico vem desde o século XVII com Hobbes e Benthan que viam "o indivíduo como sendo essencialmente um maximizador e consumidor de utilidades (utilitarismo)". Enquanto que os pensadores neoidealistas Stuart e Green consideravam "os indivíduos em pleno exercício de suas faculdades e potencialidades" (Ibid. p. 261)
O mais importante desse capítulo é uma classificação dos tipos de pluralismo em relação ao indivíduo e a participação nas diferentes esferas socioeconômicas e políticas: Pluralismo religioso – puritanismo do século XVII e capitalismo; Pluralismo humanista e neoidealista – indivíduos insatisfeitos com os limites do desenvolvimento individual impostos pela sociedade de mercado competitivo; Pluralismo do produtor – o anarcosindicalismo francês e socialismo corporativo inglês. Homem produtor governado por suas associações e ausência de forças estatais na condução dos interesses coletivos e individuais; Pluralismo anarquista – completa defesa da autogestão pluralista comunitária. Defendem a substituição do estado por comunidades autônomas; Pluralismo pragmático – A ciência e a tecnologia a serviço do desenvolvimento humano; Pluralismo liberal contemporâneo e ou americano – Apresenta aspectos contraditórios da sociedade de consumo e capitalismo maduro. Um pluralismo político e econômico em que os quadros políticos são empresários enquanto que os eleitores são os consumidores; Pluralismo libertário conservador – Ver o homem como consumidor e os grupos de interesse do indivíduo com o poder de pressionar o jogo do mercado em seu favor.
Estes diversos argumentos dão uma tônica forte ao debate sobre a construção cultural do indivíduo liberal, que a Geografia poderá resgatar para seu universo de reflexão, pois pensar o espaço a partir da ideia de indivíduo e de cultural é uma preocupação que deve ser remetida para a Geografia enquanto uma ciência da social.

Geografia Cultural, Democracia e individualismo

Muitos são os estudos culturais contemporâneos realizados pela geografia ao longo de sua trajetória, sejam apoiados nas teoria social, espacial ou cultural. No entanto, a ideia de Cultura Política, enquanto categoria do universo geográfico, não aparece com tanta freqüência nos textos e contextos do pensamento geográfico. Mas, apostando num caráter holístico, resolvi pensar neste diálogo da Geografia Cultural com outros autores da Ciência Social a partir da ideia de indivíduo e democracia.


Pensar nos Estados Unidos da América (USA), enquanto um espaço de exercício da democracia liberal, foi uma das preocupações do cientista social americano Alex de Tocqueville (ARON, 2000, p. 207). Enfoque este com preocupações relativas a democracia, a liberdade e ao individualismo egoísta culturalmente experimentado pela sociedade Norte AMERICANA.
Trago para esta reflexão uma leitura bastante plural de (MAGALHÃES, 2000, p.141-164), em seu artigo sobre democracia individualista, no qual, ele consegue fazer argumentações teóricas e críticas em relação ao pensamento de Aléxis Tocqueville em relação à história da democracia moderna, em especial a experiência de democracia individualista nos Estados Unidos.
Sua experiência parte da ideia liberal em relação à liberdade, à democracia burguesa e ao individualismo das sociedades modernas.
Existe uma preocupação em relação à revolução democrática, democracia individualista americana, indiferença em relação aos interesses públicos, exercício de uma tirania com o consentimento popular.
Para evitar tais situações, Tocqueville aponta para um "educar a democracia". Sua maior preocupação é a possibilidade que a tirania tem para se vestir de democracia e preencher os espaços deixados entre os interesses e práticas da democracia direta e pelos interesses públicos, substituídos pela democracia indireta e interesses privados individuais.
O Artigo de Magalhães apresenta um conceito mais apurado de democracia e liberdade. Esse conceito se contrapõe ao reducionismo da democracia liberal, exposto por Tocqueville. A democracia como luta de sujeitos impregnados de sua cultura contra a ‘lógica dominadora dos sistemas’. (...) A democracia enquanto um crescente poder social sobre a personalidade e a cultura – democracia como método e exercício de poder. (Touraine, APUD. MAGALHÃES, 2000, p.155).
Considerando a experiência da democracia na perspectiva política de construção espacial de uma cultura social sedimentada nos sujeitos, enquanto indivíduos de poder temos que pensar a relação liberal com a democracia e liberdade de forma crítica. Assim:
“O capitalismo em seu estágio neoliberal projeta o desmantelamento das organizações trabalhistas e busca uma economia totalmente atrelada aos ditames da liberdade de mercado”. A democracia direta é basicamente substituída pela democracia econômica representativa, em que as políticas públicas são desvalorizadas em favor dos interesses das corporações privadas (MAGALHÃES, 2000, p.155).

Fonte: resistir.info

Tocqueville parece ser um dos primeiros teóricos a analisar o individualismo levando em consideração uma realidade empírica, a sociedade AMERICANA do século XIX, ambiente onde o liberalismo político e econômico ganhou maior força, até porque a jovem nação estava aberta para experiências. Assim, os Estados Unidos da América experienciaram a primeira e completa república federativa liberal-democrática burguesa.
A sociedade americana tende a justificar a legitimidade do indivíduo liberal. Considerando que o estado capitalista, constitucional e democrático tenha se desenvolvido ao longo do século XIX e inicio do século XX, mesmo nas suas diferenciações políticas de legitimação do poder (monárquico parlamentarista, republicano, federativo e até ditatorial). O ideal de sociedade burguesa como fato social, estabelecido na adoção de interpretações tanto ideológicas quanto sociológicas; abordagens que conferem a originalidade do liberalismo.
Dupuy (1988, p.77) elege as duas principais obras de Adam Smith como fundamentais na construção da ciência econômica, demonstrando que a análise científica pode ir além da vontade manifestada nos indivíduos.
Primeiramente relaciona a modernidade individualista segundo duas visões: o indivíduo isolado, agindo por si só, autonomamente; e o indivíduo concorrente, que disputa, sem perspectiva de objetivos comuns ou projetos coletivos. Uma ação de gozo ou prazer, desvinculada do outro, ou o tendo apenas enquanto concorrente (DUPUY, 1988, p.79)
Estas argumentações convergem para a doutrina econômica do liberalismo e para as teorias de Adam Smith, versando sobre filosofia econômica e a economia política, no fazer de uma sociedade de indivíduos em sua ordem.
De forma superficial poderia dizer que mesmo existindo uma representação de individualismo, inveja e egoísmo que fragmentam o sujeito moderno. O modelo ou ordem econômico liberal consegue com a sua lógica de agregação produtiva ligar os sujeitos aparentemente individualizados.

 

Dupuy (1988, p.80) surpreende-se com a possibilidade de astúcia da razão ou astúcia da história. No individualismo metodológico os mitos da solidão sublime, romântico e mesmo místicos convergem para a sutileza dos mecanismos e estruturas sociais com indivíduos passivos, sem astúcia coletiva num processo sem sujeitos comuns.
Mesmo havendo algumas contradições argumentativas em relação as diferentes faces do liberalismo e do próprio individualismo, Dupuy (1988) considera como artifício do individualismo liberal três aspectos distintos:
O primeiro trata o indivíduo a partir de uma vontade, consciência de si, razão, força e poder, não predicativo do indivíduo da econômica política, reduzido ao princípio da realidade; O segundo aspecto é a passagem da razão para o estado de sentimento ou ordem sensorial, diferindo da ciência ou economia política; O terceiro aspecto trata do individualismo metodológico, contraditório e baseado na dedução do indivíduo social de matriz ou tradição complexa (DUPUY, 1988, p. 81 e 82).
 O autor apresenta os fundamentos dessa tradição individualista e da ideia de progresso do indivíduo nesse homem econômico, estabelecido pelo individualismo, egoísta e autônomo, satisfeito e sem querer problemas ou conflitos. Soberano de si mesmo e despreocupado com a vida em sociedade, desvinculado do indivíduo do contrato social.
O eixo central de suas análises está em um constante diálogo com as obras de Adam Smith (1776) - Tratados sobre Teoria dos Sentimentos Morais (TSM) e a Riqueza das Nações (RN), são apresentados como bases do conhecimento sobre o domínio da disciplina econômica.
A ordem dos domínios da moral, simpatia e atividade econômica. Estabelecendo uma emancipação da religião, da política e da moral tradicional. Estas obras negam a experiência dos domínios, ou teoria do conflito, apontando para a metáfora da "mão invisível", em que: "(...) Existindo equilíbrio econômico, haverá sobras e caridade espontânea".
(...) A simpatia passa a ser um processo diferente do egoísmo. Quando o indivíduo se coloca ele mesmo no lugar do outro, torna-se sensível e identificado, sofrendo um contágio positivo. (...) os princípios para a teoria da moral, os julgamentos morais de aprovação ou reprovação e o prazer da simpatia recíproca enquanto ideia de sentimento agregado. (...) Este é um dos principais prazeres da existência (SMITH,  1976, p. 90 a 97). Nesse acordo de sentimento agradável, Smith chega ao ideário da simpatia ativa. Os atores sociais passam a representar no teatro social tais sentimentos e valores para uma sociedade equilibrada.
Dupuy (1988) considera a existência de um paradoxo nessa relação em que ator/espectador está em constante cena, simpatizando ou não com o cotidiano e experiências da vida em sociedade. Assim:
Os indivíduos são levados à lógica da imitação (mimética), cópia ou lógica de uma produção, sem saber nem querer. (...) Uma espécie de loucura ignorante do universo do mercado, da incerteza radical e suas probabilidades, interesses e forças obscuras do mercado. (...) O indivíduo como imitação dos outros. Imitação de formas arbitrárias em relação ao indivíduo e da sociedade (DUPUY, 1988, p.100 a 102).
Dupuy (1988), não convencido do ideário Smithiano, destaca que o julgamento individual perde seu valor perante o resto do mundo em relação ao comportamento da média ou da maioria. O mercado financeiro estabelece uma busca desenfreada pelos dividendos na lógica dos preços de mercado.
Destacaria o atual estágio do individualista e monopolista, com a sequente destruição da diversidade cultural, quebra das leis teoricamente naturais da economia de mercado. Outro exemplo, é a oligopolização das corporações capitalistas. Será que o indivíduo perde a astúcia da razão em meio ao novo estágio de centralidade do capital.


Argumentos de DUPUY (1988) em relação aos comportamentos do mercado atual:

Uma psicologia louca dos indivíduos em suas corporações. Ganhador será aquele mais louco, que tiver a coragem de INVESTIR o máximo na sua loucura. Este é o individualismo do sujeito mercantil. (...) Nesta loucura psicológica do mercado, os indivíduos imitam todos os outros. A imitação da imitação enquanto potencialidade. Um sistema de atores em que todos se imitam na loucura do objeto mais inesperado. (...) O jogo especulativo em que cada um rouba dos outros, convencidos da vantagem (DUPUY, 1988, p. 101 a 105).


Para o autor, esse é um comportamento como razão individual a serviço da loucura individualista. A razão do mercado em títulos líquidos, suprimindo as instituições e ao longo do tempo desestruturando todo o mundo do capital físico ou (produtivo) real, em que a racionalidade fica presa nas regras e julgo do mercado.
Estas argumentações são percebidas com muita clareza no neoliberalismo contemporâneo. O indivíduo imerso na complexidade social.
Estas são talvez as grandes linhas da filosofia social, política e moral. Com experiências no campo do individualismo, anarquia, estado e utopia, argumentando em linhas gerais sobre lei, legislação e liberdade, e principalmente demonstrando a preocupação com a questão do indivíduo e a teoria de justiça social.
Em meio a essa fogueira de ideias Dupuy (1988), argumenta que o indivíduo deve encontrar sua autonomia frente às contradições impostas quotidianamente, buscando um censo de justiça racional partilhada com seus semelhantes. Defende também uma teoria econômica racional não apenas em relação ao indivíduo, mas ao grupo que ele pertence. Uma ideia de individualismo radical, estabelecido a partir do total respeito dado a uma pessoa humana.
Uma hierarquia encabrestada em que o homem é subordinado a totalidade social manipulada. A complexidade do estado justo, repartição justa para o indivíduo. A cada um segundo seus méritos e capacidade, aceitação de justiça, liberdade enquanto estado de legalidade, ou justiça processual pura (DUPUY, 1988, p. 112).
No atual estágio, uma representação cada vez mais distante da teoria do conflito de classes e muito mais próxima dos indivíduos e seus interesses privados. Essa lógica de representação em que o governo se limita em atender as satisfações e direitos individuais restringe o espaço ao corpus individual, O espaço enquanto cultura produzida coletivamente perde sentido enquanto fragmentação e estilhaços de cada individualidade.
Um jogo em que os indivíduos estabelecem a concorrência e rivalidade. Os indivíduos reagem segundo uma aceitação do modelo social como um jogo de concorrência e luta para vencer o outro e ser o melhor, o mais capaz. Um vencedor e bem sucedido individualista incluído ao grupo que reconhece esse princípio da forma consensual. (DUPUY, 1988, p. 112).
Fonte: www.uni-vos.com 

O individualismo metodológico pode ser considerado um caminho de análise satisfatório da realidade social, pois o indivíduo e a propriedade privada são bases na construção teórica do liberalismo, raiz de categorias como o contrato social, democracia liberal e do liberalismo político que representam os interesses individuais como sendo sociais.
Dizer que todas estas argumentações em relação à construção do indivíduo liberal já tenham consolidado tal experiência pode representar uma ideia frágil. As novas e vivas experiências nas relações entre os interesses do indivíduo e os interesses sociais devem ser pensadas pela Geografia Cultural na perspectiva do espaço. A compreensão de que o plano teórico do individualismo foi alimentado como ideia de plena liberdade da sociedade ocidental, pode ser um ideário da liberdade e do indivíduo em relação às instituições e a própria sociedade.
O próprio conceito de liberdade foi ao longo do tempo dissociado da categoria igualdade e as contradições existentes no seio da vida social vinculada a restrita liberdade do indivíduo. O individualismo consolida um ideário em que o interesse do indivíduo é a medida de todas as coisas e que a sociedade deve se moldar aos interesses deste. Parece até que não existe a necessidade de luta por este ou aquele modelo social, pois a sociedade de certa forma retira do indivíduo o exercício de sua liberdade e o seu próprio projeto de interesse individual.
No atual estágio de desenvolvimento tecnológico e científico (mecatrônica, microeletrônica, inteligência artificial e cibernética), o universo de homens livres e vazios de capital e de trabalho é muito forte. Indivíduos descartáveis perambulando pelas avenidas das grandes metrópoles sem um lugar definido e, capturados pelo capital, vivem suas contradições.
Considerando à liberdade individual como singularidade humana. A questão é: O indivíduo liberal será capaz de no atual estágio de desenvolvimento, gerar um equilíbrio entre os interesses individuais e coletivos? Ou prevalecerá a instauração de um "reinado da soberania individual ou Associação de Egoístas"?
O "Estado Soberano" construído ao longo da história consolidou o indivíduo liberal possessivo discutido e analisado por Macpherson ao longo da sua teoria política do individualismo possessivo. Mas a questão da propriedade como sendo apenas de alguns indivíduos, gera uma sociedade de desigualdades conflitantes e de exclusão societária.

Os sentimentos e práticas de solidariedade, cooperação, mutualismo e reciprocidade enquanto fortalecedores do indivíduo e eliminadores do egoísmo individualista não conseguiram sustentação na sociedade liberal. Mesmo assim, o ideário coletivista e societário, continua sendo pensado em diferentes esferas da sociedade liberal.
Para finalizar este artigo considera a seguinte questão: A propriedade como domínio do coletivo e posse do indivíduo para que este desempenhe livremente as suas potencialidades de produtor independente e coletivamente associado, ainda poderá ser um princípio possível de resgate para a sociedade liberal democrática?

Bibliografia
  • ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento Sociológico. Trad. Sérgio Bath. São Paulo: Martim Fontes, 2000.
  • CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
  • CORRÊA, Roberto Loobato & ROSENDAHL, Zeny. Espaço e Cultura. Rio de Janeiro: ed.uerj/ NEPEC, 1995.
  • CORRÊA, Roberto Loobato & ROSENDAHL, Zeny (Org.) Geografia Cultural: Um Século (2). Rio de Janeiro: eduerj, 2000.
  • DUPUY, Jean Pierre. "L’Indivídu Liberal, Cet Inconnun: d’Smith a Friedrich Hayer" In, Individu et Justice Sociale: Autor de John Rawls. (vários autores). Paris, Frace. Ed. Du Seul, 1988.
  • HOBBES, Thomas. Leviatã ou o material, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Trad. De Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2001.
  • LUCKE, Jonh. Segundo tratado sobre o governo civil. In: Coleção Os pensadores. São Paulo, Abril Cultural, 1978.
  • LUIZZETTO, Flávio. Utopias Anarquistas. São Paulo: editora brasiliense, 1987.
  • MACPHERSON, C. B. A Teoria política do individualismo possessivo (de Hobbes a Locke). Trad. Nelson Dantas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
  • "Pluralismo, Individualismo e Participação" In, Ascensão e queda da justiça econômica e outros ensaios. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1991.
  • MAGALHÃES, Fernando. O passado ameaça o futuro – Tocqueville e a perspectiva da democracia individualista. Tempo Social; Revista de Sociologia. USP, São Paulo, 12(1), Maio, 2000.
  • MATTELART, Armand. História da Utopia Planetária – da cidade profética à sociedade global. Lisboa: Bizâncio, 2000.
  • OUTHWAITE, Wiliam e Bottomore, Tom. Dicionário do pensamento social do século XX. Editoria brasileira Lessa Prado e WG. Santos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993.
  • ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. São Paulo: Martin Claret, 2001.
  • SENNETT, Richard. Carne e Pedra – o corpo e a cidade na civilização ocidental. Trad. De Marcos Aarão Reis. Rio de Janeiro - São Paulo: Editora Record, 1994.
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terça-feira, 7 de abril de 2015

Geografia e banalidade do discurso ambiental


Por: Belarmino Mariano Neto

Início, meio e fim. Estou aqui diante de três coisas. Tendo que começar a dizer sobre um tema que vem se tornando cada vez mais banal no meio de um verdadeiro bombardeio de informações sobre a importância de preservar a natureza e muito preocupado com o fim de tudo isso, pois enquanto as pessoas falam ou discutem o meio ambiente, muitos estão com o cigarro aceso ou acabaram de jogar o papel do bombom pela janela (MARIANO NETO, 2001).
A partir de agora, centralizarei meu texto nos elementos da informação ambiental como uma das marcas do atual estágio de globalidade pela qual passa e vive o humano em seu presente. A ideia é relacionar a linguagem como elemento envolvente dos sistemas de informações e da própria ciência que até certo ponto se torna refém do discurso e da representação.
Fonte da imagem: www.radioaustralia.net.au
A informação ambiental como banalidade do discurso é uma tentativa de conectar os limiares da pós-modernidade com a informação, seus veículos em rede e todo o emaranhado de contradições do presente.
Vivemos o paradoxo da pós-modernidade em que a linguagem, a informação ou o discurso ocupam o centro da ciência. A linguagem é a ponte na criação das relações. A teia com os outros mundos e o espaço do dizer e da produção cultural. A informação passou a ser o elemento de maior importância para o mundo contemporâneo. Um mundo visual que produz a consciência da sensibilidade, o conhecimento dos primórdios e do essencialismo e as imagens construídas pela vida de cada pessoa.
A linguagem constrói ciência, (des)constrói o censo de verdade ou de realidade alimentando ideias e utopias. A linguagem cria condições, quebra fronteiras e desafia a constante ideia de ponto final. A capacidade cultural e tecnológica de dizer, de falar, de escrever, de informar e de estabelecer conexões intervencionando a lógica do tempo e do espaço, abrindo portas para a tele distância na arte da ideia do humano como sendo um programa de palavras ditas, não ditas e por dizer.
Se a espécie humana ainda precisa de uma alavanca para modificar o mundo. Modificar, não. Para salvar o mundo, ela já reencontrou. Essa ferramenta, usada e demonstrada com competência pelos cinco mil jornalistas que fizeram a cobertura da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10, em Johannesburgo, na África do Sul, tem um novo nome: informação ambiental (FIRMINO, Hiram. p. 06, 2002).
A grande questão é: até que ponto a totalidade da informação ambiental tem surtido algum efeito real nas atitudes humanas, em seus Estados, governos, sociedades e empresas? Sem sombra de dúvidas, a informação ambiental foi totalmente democratizada. Internet, televisão, vídeos, rádios, revistas, jornais, folhetos, etc.
São produzidos diariamente com temas que estão relacionados com o meio ambiente e sua preservação. Já somos mais de 6,8 bilhões de seres humanos, e de um jeito ou do outro nos chega a informação ambiental.
Mas, até que ponto, nós nos importamos com estas questões a ponto de mudarmos de atitudes? É claro que a consciência não se faz num dia, mas no dia da consciência de cada uma destas são questões relevantes para o momento pelo qual passa a humanidade.
Estou percebendo que o problema não é de (cons)ciência – conhecimento. A questão maior é que existe uma poluição informacional em todos os sentidos. A massificação da informação ambiental é acompanhada de uma massificação ainda maior do consumismo.
Ao lado de uma informação do tipo defenda a natureza, temos dez informações sobre compre, compre, compre, consuma, consuma, consuma, compre, consuma, compre, consuma, compre. A sociedade de mercado monopolista e de consumismo a qualquer preço já descobriu as marcas ecológicas, que geralmente também são dez vezes mais caras. Já temos nos SUPERMERCADOS seções inteiras de produtos ecologicamente corretos: café ecológico, açúcar de demerara e mascavo, açúcar orgânico claro, arroz integral e ecológico, verduras orgânicas e sem agrotóxicos, etc. Estas marcas disputam espaço com os ligths, dietéticos, transgênicos, enlatados, estabilizados, e todas as "marcas envenenadas e turbinadas" do mercado tecnológico dos alimentos.
Firmino (2002) acha que, se continuarmos pensando globalmente, mas não fizermos nada localmente, enquanto indivíduos, cidadãos e nação, o fim não será surpresa. A situação do planeta é de alto risco, mas às práticas da superprodução capitalista despreocupadas com os efeitos sobre o meio ambiente nos deixam perplexos, impotentes e alienados de qualquer ação efetiva contra este estado e velocidade destrutiva.
O pior é que as informações ambientais não estão sensibilizando efetivamente a grande maioria das pessoas. Salve a natureza ou a si próprio é algo banalizado em meios aos outros tipos de apelos bombardeados pelo mercado. "Beba coca-cola e salve a natureza ou salve a natureza e será salvo" não estar fazendo muita diferença mesmo. Ninguém acredita, mas acaba tomando coca-cola e esquecendo de salvar a natureza.
Fonte da Imagem: qkantton.wordpress.com
A aparente ação de muitas empresas é de que estão investindo em defesa do meio ambiente, principalmente empresas com elevado nível de poluição.
Fazendo uma meia culpa. Mas no geral continuam com suas atividades a todo vapor. Ou seja, não basta um programa paliativo. O que precisamos é de uma radical mudança de atitudes. Uma sociedade ecológica, uma humanidade ecológica precisa ser em todos os sentidos.
A exploração abusiva dos recursos naturais nos coloca diante de uma natureza fúnebre. A natureza como ambiente dos lugares estragados, a natureza como um depósito de lixo a céu aberto.
A informação ambiental é uma prática que começa a ser especializada pela mídia a partir da reunião do Clube de Roma, anos 70, primeiro passo para a percepção de que os recursos naturais não são renováveis, e que a exploração desenfreada dos recursos renováveis coloca em risco a vida na Terra. Desse encontro tira-se o documento que aponta para o Crescimento Zero.
Onde os países ricos alertando o mundo para os problemas ambientais globais, causados pela sociedade urbano-industrial e crescente dinâmica demográfica dos países subdesenvolvidos, colocam em risco o desenvolvimento econômico e o meio ambiente, especialmente para as nações com dependência tecnológica e atraso econômico que propagam "o desenvolvimento a qualquer custo" (BRODHAG, 1997, p. 49).
Em 1972, a Organização das Nações Unidas – ONU convocou a Conferência de Estocolmo (Suécia), que marcou a mundialização das questões ecológicas. (SENE & MOREIRA, J. C. 1998, p. 407) Nessa "Declaração do Ambiente", são perpassados os primeiros acordes para as preocupações com o desenvolvimento sustentável, com um forte apelo aos direitos fundamentais do homem - vida, liberdade e igualdade de condições em um ambiente racionalmente protegido, onde o desenvolvimento deve ser planejado pelo Estado no sentido de melhorar o ambiente em benefício das populações; fazer uma gestão dos recursos no sentido preservar e melhorar o ambiente, assegurando às gerações atuais e vindouras uma melhor qualidade de vida. Foram aprovados 26 princípios gerais e pouca ação por parte dos diferentes países. O importante é que Estocolmo marcou a visão ecológica global, tendo sido, de fato, uma conferência de caráter planetário.
Na sequência, chegamos à Rio 92, Conferência Internacional da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, com a presença de 106 chefes de Estados ou representantes e mais de 35 mil pessoas. Este encontro resultou na "Agenda 21", com quarenta capítulos, 800 páginas, muitas sugestões e poucos compromissos firmes. Pois este documento não fixou os objetivos, estimativas, custos, nem modalidades. Estamos diante dos fios invisíveis que manipulam as contradições de uma política ecológica mundial (FREIRE, 1992, p.27).
Fonte da imagem: Antes que vire lixo - gaiabrasil.com.br
As ONGs e outros se contrapuseram ao encontro patrocinado pela ONU, mas o que prevaleceu foram as decisões do G-7 (o grupo dos sete países mais ricos) e suas instituições financeiras. Os crimes ecológicos e o modelo de desenvolvimento continuam, apesar do compromisso das nações em gradualmente diminuir tais crimes (BRODHAG, 1997, p.61). O desperdício da sociedade de consumo forma esse novo caldo de cultura, que não é total, mas fragmentado nos indivíduos de cada canto do mundo como em um processo sem fim. Incorporadores de valores, rugosidades, sentidos e ritmos do existir.
Do dia 26 de agosto a 04 de setembro de 2002, em Joanesburgo, na África do Sul, foi realizada a Rio + 10. Uma Reunião da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável. Reuniu mais de 160 chefes de estados, 45 mil delegados e 7 mil ONG’s representantes de 185 países. Em nível de representação internacional, essa foi sem dúvidas a maior conferencia mundial sobre o tema.
Se a Rio 92 nos deixou claro que a natureza é finita, limitada e que funciona dentro de um sistema interdependente e que precisa do princípio do equilíbrio, perguntamos o que de fato os governos, empresas e sociedade civil fizeram para reverter a velocidade de suas práticas econômicas antiecológicas? Estamos diante de uma década da Rio-92. Naquele período vários ecologistas já apontavam para esta situação de descaso com o meio ambiente.
Roberto Freire (1992) divulgou um manifesto intitulado a FARSA ECOLÓGICA. A ECO-92, encontro paralelo ao Rio-92, foi fortemente criticado como divisionismo de radicais. Hoje a gente entende porque a Rio+10 foi um fracasso frustrante. Não só a Rio+10. Tivemos o Protocolo de Kyoto, o Fórum social mundial realizado na África do Sul, a ameaça Norte AMERICANA de guerra aos iraquianos e o descompromisso do Governo Bush e dos seus colaboradores em relação ao meio ambiente. Estes elementos históricos parecem distantes, mas na atualidade, os governos dos países desenvolvidos continuam seguindo o mesmo receituário contra ambiental de a dua década.
Para o Greenpeace, o Rio + 10 pode ter sido a 2ª chance. Será que teremos uma terceira, quarta, quinta chance? Com esse capitalismo turbinado, os impactos locais, regionais, nacionais e globais já estão totalmente sistematizados. O pequeno Rio de minha cidade estar cheio de pneus pirellefarestone, garrafas pet de coca-cola, latas de óleo da Texaco, Shell e todas as grandes marcas, mundiais.
O Rio de 1992 encontra-se mais poluído, mais violento, mais pobre. Em 2016 teremos os Jogos Olímpicos e o Rio de Janeiro será sede. Entre as exigências oficiais, um grande trabalho ambiental para limpeza da Baia da Guanabara. Efetivamente, não acontecerá como previsto.
A África de 2002, em especial Joanesburgo, não mudou muito a sua situação ambiental. O Rio+10 é a pura constatação de que a agenda 21 foi mais gasto de papel, energia e utopias de um mundo ambientalmente viável, socialmente justo e economicamente sustentável. Reflexo disso é a grave crise ambiental vivida no continente africano, onde epidemias e doenças graves como o ebola assolam grandes áreas do continente.
Fonte da imagem - Natureza morta - moblog.whmsoft.net
Para concluir esse quase manifesto deixo aqui registrado a denúncia, de que no Brasil já existe uma nova indústria parecida com aquela da seca. É a "Indústria Ambiental". Os recursos para salvar os rios, as florestas, os animais, começam a aparecer nas placas dos governos e até empresas privadas, mas o ambiente continua degradado. Entidades estão sendo criadas para defender o meio ambiente, muitos são escritórios para carrear recursos para fins ilícitos. Essa pode ser uma visão pessimista, mas só vejo uma saída: a transformação dessa sociedade capitalista e consumista por uma sociedade ecológica autogestionária. O que chamo de Socialismo Comunitário Ecológico. Ou quebramos essa lógica de destruição socioambiental capitalista ou não teremos futuro ecológico.

Referências:
BOOKCHIN,Murray. Por uma ecologia Social. Rio de Janeiro: Utopia, nº. 04, 1991.
BRODHAG, Christian. As quatro verdades sobre o planeta. Por uma outra civilização. Lisboa: Instituto Piaget, 1997.
CASTELLS, Manuel. O Poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
FIRMINO, Hiram. A Ecologia do Sapo. In.: JB Ecológico. Rio de Janeiro, nº. 08, 21/12/2002.
FREIRE, Roberto. A Farsa Ecológica. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1992.
LEVI, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2000.
MARIANO NETO, Belarmino. Ecologia e Imaginário – Memória Cultura, Natureza e Submundialização. Joao Pessoa/PB: Editora da UFPB, 2001.
SENE, Eustáquio de, & MOREIRA, J. Carlos. Geografia Geral e do Brasil: Espaço Geográfico e Globalização. São Paulo: Scipione, 2002.
SILVA, T. Tadeu da, HARAWAY, Donna & KUNZRU, Hari. Antropologia do Ciborgue – as vertigens do pós-humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

O Lixo nosso de cada dia

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