Imagem de queima de resíduos no Lixão
de Guarabira –
Foto Belarmino Mariano, 16 de Maio de
2012
Prof. Dr. Belarmino Mariano Neto (UEPB/CH)
Guarabira é um dos municípios polo do Agreste Paraibano, com sua sede instalada no Piemonte da Serra da Borborema, sendo considerado como área que sofre influencia ambiental do Brejo paraibano. Disso podemos destacar duas situações ambientais distintas: Guarabira localiza-se na Depressão Sublitorânea, pois fica distante do litoral em reta, cerca de 70 quilômetros, e apresenta altitude média em sua sede, de 95 metros em relação ao nível do mar; a outra situação, diz respeito as condições climáticas, pois o município, apesar de ser predominantemente influenciado pelo clima tropical continental, típico do semiárido nordestino, mas a aproximação com o Planalto da Borborema e a formação do brejo de altitude, em alguns meses do ano, altera a condição ambiental dos elementos atmosférico-climáticos, com mudanças bruscas de temperatura, chuvas orográficas e serrações.
Um município com quase 60 mil habitantes, instalado em uma área
de depressão, que sofre bastante com umidade e insalubridade nas habitações,
pois seu sitio original foi instalado, a bem dizer, dentro de um alagado, que
ao longo do tempo foi aterrado e originou a cidade de Guarabira. Comumente, em
períodos de chuvas fortes, o centro da cidade é atingido por alagamentos,
prejudicando a área comercial, principais avenidas e áreas residenciais do
centro de Guarabira, pois muitos resíduos sólidos são despejados
indiscriminadamente pelas vias públicas, geralmente entupindo bueiros e
galerias pluviais da cidade.
O mais grave na atual cena urbana de Guarabira é o lixão a céu aberto, queimando os
resíduos durante o dia e a noite e liberando fumaça extremamente tóxica para
dentro da cidade de Guarabira. É comum sentirmos o mau cheiro de borracha, plástico,
isopor, espuma, pneus, restos de madeira e folhagens, etc. Durante a noite, com
a queda da temperatura, passar pela rodovia e por alguns bairros de Guarabira é
como se estivéssemos em uma noite de São João, com a fumaça que fica retida na
corrente de ar fria.
O lixão que já deveria ter se tornado em um aterro sanitário e
ambiente de coleta seletiva, foi instalado na entrada de Guarabira em área
reservada para o Distrito Industrial da cidade. Esse lixão foi instalado em um
ambiente de tabuleiro ou chã de formação sedimentar, com solo predominantemente
arenoso-argiloso e fica localizado dentro do perímetro urbano da cidade, pois
nas imediações existem conjuntos habitacionais como o Mutirão, o Clóvis
Bezerra, além de moradias de “beira de pista” e pequenas indústrias instaladas
no local.
A área não está de
acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), nem com Lei de Resíduos Sólidos http://www.abinee.org.br/informac/arquivos/lei12305.pdf
, aprovada em 2010 e que estabeleceu até o ano de 2012 para que os municípios
regulamentem a sua política de resíduos sólidos, pois não é mais permitido que
existam lixões a céu aberto e a queima indiscriminada dos resíduos. Para
agravar a situação, sabemos que não existe uma coleta seletiva, em especial de
resíduos do complexo industrial como baterias, pilhas e componentes eletrônicos
que possam emitir radioatividade ou outros tipos de substâncias que possam
prejudicar a saúde animal, humana, contaminar solos e aquíferos.
Mas qual a relação das informações geográficas acerca de
Guarabira e a Lei dos Resíduos Sólidos? Os municípios que não eliminarem seus
lixões devem temer a lei de crimes ambientais. Essa é uma preocupação que passa
diretamente pela Prefeitura e secretarias responsáveis, Câmara dos Vereadores,
empresários poluidores e pela população em geral, pois não podemos colocar em
risco a saúde, em especial de crianças e idosos, pois uma cidade com quase 60
mil habitantes, em um ambiente já fragilizado por baixa cobertura vegetal,
poderá sofrer ainda mais com doenças respiratórias e outras mazelas típicas da
grande concentração de lixo a céu aberto.
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