OLHARES GEOGRÁFICOS - Grupo de Pesquisa em Geografia Cultural e da Percepção - UEPB/CH/PRPGP/CNPq.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Guarabira – ainda fora da lei de resíduos sólidos, com lixão a céu aberto e constante queima dos resíduos.
Imagem de queima de resíduos no Lixão
de Guarabira –
Foto Belarmino Mariano, 16 de Maio de
2012
Prof. Dr. Belarmino Mariano Neto (UEPB/CH)
Guarabira é um dos municípios polo do Agreste Paraibano, com sua sede instalada no Piemonte da Serra da Borborema, sendo considerado como área que sofre influencia ambiental do Brejo paraibano. Disso podemos destacar duas situações ambientais distintas: Guarabira localiza-se na Depressão Sublitorânea, pois fica distante do litoral em reta, cerca de 70 quilômetros, e apresenta altitude média em sua sede, de 95 metros em relação ao nível do mar; a outra situação, diz respeito as condições climáticas, pois o município, apesar de ser predominantemente influenciado pelo clima tropical continental, típico do semiárido nordestino, mas a aproximação com o Planalto da Borborema e a formação do brejo de altitude, em alguns meses do ano, altera a condição ambiental dos elementos atmosférico-climáticos, com mudanças bruscas de temperatura, chuvas orográficas e serrações.
Um município com quase 60 mil habitantes, instalado em uma área
de depressão, que sofre bastante com umidade e insalubridade nas habitações,
pois seu sitio original foi instalado, a bem dizer, dentro de um alagado, que
ao longo do tempo foi aterrado e originou a cidade de Guarabira. Comumente, em
períodos de chuvas fortes, o centro da cidade é atingido por alagamentos,
prejudicando a área comercial, principais avenidas e áreas residenciais do
centro de Guarabira, pois muitos resíduos sólidos são despejados
indiscriminadamente pelas vias públicas, geralmente entupindo bueiros e
galerias pluviais da cidade.
O mais grave na atual cena urbana de Guarabira é o lixão a céu aberto, queimando os
resíduos durante o dia e a noite e liberando fumaça extremamente tóxica para
dentro da cidade de Guarabira. É comum sentirmos o mau cheiro de borracha, plástico,
isopor, espuma, pneus, restos de madeira e folhagens, etc. Durante a noite, com
a queda da temperatura, passar pela rodovia e por alguns bairros de Guarabira é
como se estivéssemos em uma noite de São João, com a fumaça que fica retida na
corrente de ar fria.
O lixão que já deveria ter se tornado em um aterro sanitário e
ambiente de coleta seletiva, foi instalado na entrada de Guarabira em área
reservada para o Distrito Industrial da cidade. Esse lixão foi instalado em um
ambiente de tabuleiro ou chã de formação sedimentar, com solo predominantemente
arenoso-argiloso e fica localizado dentro do perímetro urbano da cidade, pois
nas imediações existem conjuntos habitacionais como o Mutirão, o Clóvis
Bezerra, além de moradias de “beira de pista” e pequenas indústrias instaladas
no local.
A área não está de
acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), nem com Lei de Resíduos Sólidos http://www.abinee.org.br/informac/arquivos/lei12305.pdf
, aprovada em 2010 e que estabeleceu até o ano de 2012 para que os municípios
regulamentem a sua política de resíduos sólidos, pois não é mais permitido que
existam lixões a céu aberto e a queima indiscriminada dos resíduos. Para
agravar a situação, sabemos que não existe uma coleta seletiva, em especial de
resíduos do complexo industrial como baterias, pilhas e componentes eletrônicos
que possam emitir radioatividade ou outros tipos de substâncias que possam
prejudicar a saúde animal, humana, contaminar solos e aquíferos.
Mas qual a relação das informações geográficas acerca de
Guarabira e a Lei dos Resíduos Sólidos? Os municípios que não eliminarem seus
lixões devem temer a lei de crimes ambientais. Essa é uma preocupação que passa
diretamente pela Prefeitura e secretarias responsáveis, Câmara dos Vereadores,
empresários poluidores e pela população em geral, pois não podemos colocar em
risco a saúde, em especial de crianças e idosos, pois uma cidade com quase 60
mil habitantes, em um ambiente já fragilizado por baixa cobertura vegetal,
poderá sofrer ainda mais com doenças respiratórias e outras mazelas típicas da
grande concentração de lixo a céu aberto.
quarta-feira, 23 de maio de 2012
NO CÉU DA SUA BOCA SANGRAVA UMA LUA MORTA
Por Belarmino Mariano Neto (belogeo@yahoo.com.br)
Veio de longe, de uma distância sem tamanho. Eram pancadas estridentes e caninas que rasgavam o escuro como farpas que espichavam os contornos da escuridão. Em meio ao breu cintilavam pancadas de um metal brilhante e cortante que em fino e amolado fio, espatifava os corpos da fria madrugada.
Do longo e distanciado som da escuridão, ouvia-se o casco dos cavalos, contra as rochas dos penhascos encobertos pelo véu da noite. A lua estava morrendo e costurava uma fina e torta mancha de luz que não encontrava caminhos e perdia-se na escuridão.
A fina e arqueada boca de luz era a restante lua que se desfazia nas trevas. O manto escuro do céu havia engolido os restos de luz e aos pouco ia desaparecendo do mapa celeste como prenúncio de que uma batalha sangrenta escorria pelo fio das espadas em punho.
Suor e sangue derramado eram o que restava de uma geografia miserável. Corpos de batalha agora sem vida, amontoavam-se uns contra os outros, enquanto o sangue era bebido pela terra como se fosse o vinho tinto dos homens. Uma bebida amarga escorria para as entranhas da escuridão e embebia o silêncio venoso dos combalidos.
As farpas metálicas já estavam espalhadas pelas encostas e entre alaridos e urros assustadores, feras ruidosas se aproximavam da carnificina humana. Eram os lobos que agora se fartavam de um signal banquete de sangue e carne fresca. Corpos dilacerados, pedaços de gente se misturavam com pedaços de tecidos ensangüentados.
Fortalecendo a idéia de que o homem é o lobo do homem, os lobos tratavam de rasgar ainda mais as entranhas humanas. Eram animais famintos cuidando das carnes ainda quentes da batalha. Feras tão humanamente selvagens que travavam os dentes uns contra os outros como se as pancadas maxilares dos caninos ferozes acordassem o silêncio dos mortos.
Da boca entreaberta de um cadáver, sangrava uma lua morta. Era um reflexo de rasgo da lua que entrava pela sua língua morta. Aquela língua latina havia morrido naquela hora. Não mais falava de complexos arranjos do universo lingüístico. No céu da sua boca sangrava uma lua morta. A fala e o falo agora estavam mortos.
A lua no céu da sua boca era apenas um reflexo da saliva humana que se misturava ao sangue e, em uma baba gelatinosa espreitava os vermes e a putrefação carnívora da calma da alma e da alegria. Quase nada mais restava de vida, nem de riscos tortos da lua que entrava em alfa e o pesadelo estava apenas começando.
João Pessoa, 09 de dezembro de 2006.
Réptil repetição
Por Carlos Azevedo (carlosazv@bol.com.br)
A lenta agonia da esfera em tons ouro, azul e rosa atrai uma multidão motorizada de gringos e nativos abastados. Nas palafitas-bares, eles se penduram sentados em cadeiras de plástico, desfrutando da barulheira que se tornou um dos pontos mais bonitos da cidade de Cabedelo. O sol constrangido, no meio de uma nuvem que insiste em atrapalhar a festa, vai caindo bêbado e entediado.
Uma procissão de barcos, canoas e até iates de pequeno porte vagueia pelo braço de rio. Os garçons completam o ar patético da cena retirando as sombrinhas das mesas para que o espetáculo comece. Uma música em play back anuncia a surpresa: Jurandy vai tocar novamente o bolero, ao seu modo, é claro. Tal como um sacerdote de um culto profano, ele anuncia que vem fazer a interpretação de número não sei quanto. Alguns desavisados gringos procuram de onde vem aquele som de sax e sempre um prestativo e submisso nativo, em tom de falso espanto avisa: “olha lá ele na proa daquele barquinho”. Onde? Rapidamente todos sacam suas câmeras digitais como japoneses curiosos, dividindo o foco e o flash entre o instrumentista e a bola colorida que se afoga entre a vegetação e a água. Tal como se fizesse parte da estrutura do barco, vestido de branco e laranja, ele toca o bolero de Ravel. Na palafita vizinha um outro ser realiza a mesma encenação também numa canoa. É verdade sim que eles brigaram pra ver quem teve a idéia de entreter gente que come e bebe contemplando a grande bola. Mas o músico Jurandy foi esperto: patenteou tudo. O outro segue fazendo tudo igual como um esquelético clone de uma cena desgastada. Tudo é sincronizado.
Uma socialite vestida com uma roupa com estampa de pele de tigre ajusta seu óculos de sol Gabana para ver melhor a novidade. Por fim, como um pirata, ele sobe em nosso navio-palafita e estamos todos congelados. O sol já se foi e é chegada a hora do esperado silêncio. No mini-palco, na proa do bar, educadamente ele agradece a atenção de todos pelo momento de grande espiritualidade. A madame talvez esteja sensibilizada mas evita derramar lágrimas sobre a maquiagem, não pega bem. O silêncio dura apenas uns minutos e Jurandy ainda mais sacro vai tocando uma Ave Maria. A missa termina. Ao invés de luz estamos órfãos no escuro. O silêncio nos acalma. Por pouco tempo novamente. Uma banda de forró plastificado no bar ao lado não deixa o clima esfriar numa deprê. A maioria dos gringos vai embora, inclusive um senhor americano com suas duas jovens acompanhantes remuneradas em dólar. A crocodilagem sorri de presas abertas. Os guardadores de carro se rebolam para evitar que todos se evadam sem molhar a caixinha. A vida segue e não se olha para trás. O fluxo motorizado agora invade a rodovia.
Carlos Azevedo é jornalista e professor universitário
terça-feira, 22 de maio de 2012
Bolívia – McDonald’s se fundió por desinterés Del público y cierra todos los sus locales
Después de 14 años de presencia en el país, y a pesar de todas las campañas habidas y por haber, la cadena se vio obligada a cerrar los ocho restoranes que mantenía abiertos en las tres principales ciudades del país: La Paz, Cochabamba y Santa Cruz de la Sierra.
Se trata del primer país latinoamericano que se quedará sin McDonald´s y el primer país en el mundo donde la empresa cierra por tener sus números en rojo durante más de una década.
El impacto para los creativos y jefes de marketing ha sido de tal fuerza que se grabó un documental bajo el título “Por qué quebró McDonald´s en Bolivia”, donde intentan explicar de algún modo las razones que llevaron a los bolivianos a seguir prefiriendo las empanadas a las hamburguesas.
Rechazo cultural
El documental incluye reportajes a cocineros, sociólogos, nutricionistas, educadores, historiadores y más, donde hay una coincidencia general: el rechazo no es a las hamburguesas ni a su gusto, el rechazo está en la mentalidad de los bolivianos. Todo indica que el “fast-food” es, literalmente, la antítesis de la concepción que un boliviano tiene de cómo debe prepararse una comida.
En Bolivia, la comida para ser buena requiere, además de gusto, esmero e higiene, mucho tiempo de preparación. Así es como valúa un consumidor la calidad de lo que se lleva al estómago: también por el tiempo en que se hizo el manjar. La comida rápida, no es para esta gente, concluyeron los norteamericanos.
vejam vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=9IqTdTHbo1A
Disponível em: http://elpolvorin.over-blog.es/article-bolivia-mcdonald-s-se-fundio-por-desinteres-del-publico-y-cierra-todos-sus-locales-93227753.html
POSTADO POR GRUPO DE ESTUDO MARXISMO E GEOGRAFIA ÀS 07:48
terça-feira, 1 de maio de 2012
Pai: Em homenagem ao seu aniversário (In Memoria)
São dezenove. Dezenove anos passados desde que você se foi. Dezenove anos, ora destendidos, feito um enorme bicho adormecido, dezenove anos empilhados uns sobre os outros, formando ângulos estranhos, no apertado túnel da memória.
Hoje penso nesses anos como se fossem uma longa cauda de estrada, serpenteada pela tropelia dos fatos da minha vida que não consigo reter. Uma longa cauda de estrada que percorri sozinha, sonhando com o som da sua voz, espreitando para algum desvão de tempo, surpreendida pela lembrança fresca do seu riso amanhecido, cristalino como a água do riacho.
Se o vento parasse de zunir nas frestas da minha vidraça, se a poeira aquietada germinasse o caminho por onde pisar, se a rua por milagre se aquietasse, se somente o pássaro dessa manhã pudesse cantar, eu soltaria meus cabelos, lavaria minhas mãos das obrigações de agora, e correria.
Correria por essa longa estrada de dezenove anos passados, os pés sapientes do solo de folhas e poeira amalgamadas, correria contra o sol de abril, na manhã silenciosa, saltaria para aquele 1 de maio de 1993, retendo o fôlego, retendo os batimentos do meu coração, espreitando para a casa, para o quintal, o coqueiro levemente curvado.
Encontraria você, o velho corpo levemente encostado à árvore, fitando a manhã, recolhendo nas mãos trêmulas, o calor do sol, revivendo o antigo gesto de embrulhar cigarros, sorriso fugaz por haver se esquecido de como picar o fumo, o velho canivete largado a esmo em algum canto da casa.
Meu coração cantaria de alegria, mas eu não perturbaria aquela manhã, feita somente para nós dois, aquela manhã, feita das contas de tantas outras manhãs encontradas, o rosário completo da sua vida, 73 anos vividos, eu dentro deles, iluminada por aquela cumplicidade que sempre nos marcou, antiga, universal, como o brilho do sol a aquecer a terra.
Falaríamos baixo, minha voz temperada pelo grave da sua voz arrastada, sem pensarmos no amargo da sua solidão, sem pensarmos na estrada comprida que eu palmilharia, sem pensarm no décimo quinto dia do mês de maio, sombrio, seu corpo debilmente derreado sob o sofá da morte.
Como em tantas outras vezes, seus dedos trêmulos desenredariam meus cabelos e eu saberia, da doçura dessa lembrança viva, me acompanhando na viagem de regresso, até o agora.
Escrito por Joana Belarmino às 12h06
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