Fotografia: Belarmino Mariano Neto - Rio Tinto/PB, 2010.
Fabiana França; Maria
Joseane Coutinho; Jacielly de Bulhões Alves (Estudantes de Geografia da
UEPB/CH - Período 2012.2)
INTRODUÇÃO
O
presente trabalho é fruto de leituras coletivas de vários autores de forma
individual e de uma discussão teórica feita em sala de aula com o objetivo de
dar inicio a um dialogo sobre as teorias e conceitos da geografia. Os estudos e
reflexões foram iniciados a partir da Disciplina de Teoria da Geografia,
Ministrada pelo Professor Belarmino Mariano Neto, durante o período 2012.2.
No
decorrer do trabalho falaremos de capítulos das obras de autores como Andrade
(1987), Corrêa (2010) e Quaini (1992), mostrando que na geografia, assim como
em outras ciências existe antes de uma pratica uma teoria, onde dar-se inicio a
historia de muitas ciências a questão da sua relação com outras ciências
dificultando encontrar o seu objeto de estudo.
Os
autores citados discutem os vários conceitos da geografia, desde muito antes da
institucionalização da geografia, quando a geografia ainda era conhecida como
pensamento geográfico, pois o homem tinha necessidade de conhecer o meio onde
vivia e desfrutar de alguns elementos da natureza, então precisava de uma ciência
que lhe favorecesse caminho para esse desfrute. A geografia que tinha, e até
hoje tem conceitos que a definem como a ciência que estuda o espaço e a relação
do homem com a natureza, foi realmente o que mais se enquadrou na necessidade
humana abordada pelos autores escolhidos.
O
livro: “Geografia: ciência da sociedade:
Uma introdução a analise do pensamento geográfico” de Manoel Correia de
Andrade, mais precisamente o capitulo um, tende a explicar a geografia como
conhecimento geográfico e como ciência institucionalizada onde ambas surgem da
necessidade e da capacidade do ser humano em modificar e de desfrutar dos
recursos disponíveis na natureza, então a partir desse entendimento tende-se a
obter um desenvolvimento da interpretação do processo de relação sociedade e
natureza.
Neste
capitulo, um dos conceitos da geografia é a ciência que faz uma descrição da
superfície da terra. Diante desse conceito e partindo para ao lado da geografia
política e da geopolítica, era partir do mesmo que os Europeus e estadunidenses
fortaleciam a ideia de que a geografia servia apenas para catalogar nomes de
montanhas, rios, mares, cidades, países, e recursos produzidos, para que então
esses povos avinhassem a conhecer o que poderiam retirar de povos e países
conquistados.
Andrade
(1987) afirma que entre os séculos XIX e XX surgiu outro conceito, Emanoel de
Martonne define a geografia como a ciência que estuda a distribuição dos
fenômenos fiscos biológicos e humanos pela superfície da terra. A partir desses
séculos no quais a geografia se institucionaliza eis que surge ainda outro
conceito, “A geografia é uma ciência que estuda a relação entre a sociedade e a
natureza, a forma como a sociedade organiza o espaço terrestre, visando melhor
explorar e dispor dos recursos da natureza” (ANDRADE,1987). Até hoje esse é o
conceito mais aceito, que mais identifica o objeto de estudo da geografia.
A
questão da interdisciplinaridade da geografia foi o que dificultou encontrar o
seu objeto de estudo, pois a geografia tinha e ainda tem uma grande relação com
outras disciplinas como a sociologia, a antropologia, a biologia, a economia, a
psicologia, cartografia, a astronomia, entre outras. Mesmo assim, Andrade
(1987) fala ainda sobre a possibilidade de uma única geografia que integre o
humano, o social e o físico, criando assim para a geografia um caráter social,
por isso ele considera a geografia uma ciência da sociedade.
Quaini
(1992) em sua obra “A construção da
geografia humana”, procura interpretar o período moderno da evolução da
ciência geográfica e se concentra na gradual diferenciação que apresenta até o
pleno estabelecimento da geografia humana, durante o século XIX e as primeiras
décadas do século atual. Nos capítulos iniciais faz a critica os métodos na
historia da geografia, das ciências sociais e sustenta a hipótese de que é no
“século das luzes” que surge a concepção da geografia humana moderna.
Nos
capítulos de maior importância, dedica-se à periodização da geografia humana
positivista, ao estudo histórico das relações entre o iluminismo e a geografia,
e por fim, a discussão de duas possíveis linhas alternativas na evolução da
geografia humana: Uma estatística e conservadora e outra integradora e
democrática. O capitulo final engloba temas relativos a ideologia na geografia,
nele o autor expõe que para a geografia, as questões ideológicas são muito
serias por serem discutíveis, se encontram entre outros, no centro do debate
contemporâneo na ciência.
Corrêa
(2010) em sua obra “Trajetórias
geográficas” demonstra as mudanças que ocorreram em todo o espaço
geográfico. Como a sociedade capitalista retira do meio ambiente,
matérias-primas, além de ter como principal assunto abordado o meio urbano e
tudo que nele se insere; mudanças aconteceram nos lugares onde na atualidade,
se localiza grandes cidades e metrópoles poderiam ser antes locais de florestas,
mais o homem através do se trabalho em sociedade os modificou.
Para
Corrêa (2010), com as grandes cidades vêm graves problemas urbanos. As grandes
cidades capitalistas constituem também o lugar onde o meio ambiente
apresenta-se com a mais complexa espacialidade o que se pode ser identificado
de modo geral nas metrópoles são: O núcleo central; A zona periférica do
centro; As áreas fabris; Os subcentros comerciais; As áreas residências da
classe dominante; As áreas residenciais populares.
Assim
cada uma destas áreas, cada um destes ambientes constitui uma base e existência
social, os desiguais ambientes são em realidade simultaneamente perversos e
funcionais, perversos porque contribuem para a reprovação de cidadãos desiguais
funcionais porque a desigualdade é necessária e parte integrante de uma
sociedade de classes: a extinção das desigualdades colocaria em risco a própria
sociedade de classes (CORRÊA, 2010).
É
neste meio onde a ação do Estado, se comparada as grandes corporações capitalistas,
via de regra, é limitada, surgem novas regras, códigos e poderes que, ao mesmo
tempo em que exercem vigoro controle social, criam modos de vivencias. Mas aos
Estados e governos, cabem as políticas públicas e os investimentos em infraestrutura
que contribuem para profundas transformações do espaço urbano e
consequentemente valorização capitalista das áreas, com investimentos públicos.
Percebe-se
o entrelaçamento da Geografia com a ordem no mundo, seja através da ciência, da
sociedade ou pelas diversas manifestações da mesma. O que caracteriza a
importância dos debates para a evolução do pensamento geográfico, demonstrando
que a ciência geográfica está viva, seja em momento de crise da ciência ou
renovação da mesma. As controvérsias colaboram assim, para análises
epistemológicas que motivam a avanços no pensamento.
Referências:
CORRÊIA,
Roberto Lobato. Trajetórias geográficas.
São Paulo: Bertrand, 2010. P. 90-120
ANDRADE,
Manoel Correia de. Geografia, ciência da
sociedade: uma introdução a analise do pensamento geográfico. São Paulo:
Atlas, 1987.
QUAINI,
Massimo. A construção da geografia
humana. Rio de Janeiro: Terra e paz,1992.
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